ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

04/Jun/2025

Frango: gripe aviária e sazonalidade da exportação

Segundo a StoneX, as suspensões das exportações brasileiras de carne de frango, anunciadas em maio por países como a China em função de um caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, tendem a afetar justamente o período de maior concentração de embarques ao exterior. Nos últimos anos, os embarques ao exterior se concentraram na primeira parte do ano, especialmente entre março e julho. Essa janela sazonal representa os picos históricos de envio, com o fim do primeiro trimestre figurando como o momento de maiores volumes exportados. A sazonalidade das exportações mostra que os períodos de pico nas compras estão acima da média anual, enquanto os meses de menor volume ficam abaixo dela. O índice sazonal calculado entre 2021 e 2024 confirma esse padrão, reforçando a preocupação com a interrupção das exportações no primeiro semestre. O cenário pode se agravar caso os surtos de gripe aviária não sejam contidos.

Dependendo dos desdobramentos na contenção da gripe aviária, sobretudo se o governo conseguir restringir os impactos ao Estado afetado, a sazonalidade poderá não ser estruturalmente alterada. Caso contrário, os embarques poderão ser postergados para o segundo semestre do ano. Apesar do momento desafiador, a demanda internacional segue firme, especialmente entre países deficitários na produção de carne de frango. A contenção da crise aviária é crítica para aproveitar novas oportunidades no contexto da guerra comercial. O Brasil continua sendo o maior exportador global de frango. A liderança do País se ancora principalmente na Região Sul, que responde por 78% das exportações e 58% da produção nacional, com o Paraná como principal polo. Ao mesmo tempo, a crise aviária tem provocado efeitos inflacionários significativos em outras proteínas, como os ovos.

A inflação dos ovos nos Estados Unidos teve dois picos críticos ligados a surtos de gripe aviária, com um recorde de 68,8% em janeiro de 2023 e nova alta de 60,4% em março de 2025, segundo dados do Bureau of Labor Statistics. No Brasil, os ovos também passaram a liderar as pressões inflacionárias sobre os alimentos. A inflação mensal, que era de 0,9% em janeiro, saltou para 23,1% em março. Esse movimento reflete choques simultâneos de oferta e demanda. A quebra na produtividade das galinhas devido ao calor, o aumento das exportações, que cresceram mais de 340% em março, e os custos elevados com milho impulsionaram os preços. Diante do avanço da gripe aviária e da suspensão das exportações em plena sazonalidade alta, foi feito um alerta para os potenciais efeitos em cadeia. As proteínas animais não são substitutos perfeitos; elas coexistem na cesta de consumo. Assim, choques de oferta em uma proteína podem desestabilizar o equilíbrio de preços em toda a cadeia alimentar, com efeitos diretos no bolso do consumidor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.