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03/Jun/2025

Boi: dieta sustentável reduz emissões de metano

A produção de bovinos integra as discussões sobre os principais emissores de gases de efeito estufa (GEEs), com destaque para o metano (CH4), um dos gases com maior potencial de aquecimento global. Em 2023, o setor registrou o quarto recorde consecutivo de emissões, com alta de 2,2%, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg). Buscando contribuir com uma agropecuária mais sustentável, no cumprimento das metas do Plano Estadual de Ação Climática (PLAC) e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, o governo de Minas Gerais, por meio da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) está buscando alternativas para reduzir a emissão de metano entérico na bovinocultura e promover o sequestro de carbono por meio de sistemas integrados.

Uma das linhas de pesquisa, conduzidas no Campo Experimental Getúlio Vargas da Epamig de Uberaba estuda dietas manipuladas para bovinos. A ideia é atuar na fermentação entérica, processo digestivo natural dos ruminantes. O objetivo é aumentar a digestibilidade da dieta, reduzindo o tempo do alimento no rúmen, o que eleva a eficiência produtiva e diminui a liberação de metano. Foram estudadas leguminosas como o amendoim forrageiro (Arachis pintoi), que possui alto teor de proteína e taninos capazes de inibir bactérias metanogênicas, sem comprometer a produção. Resultados disponíveis já indicaram redução de até 30% nas emissões de metano. Visando a aplicabilidade dos estudos, a Epamig firmou parceria com o Grupo Agronelli, empresa que tem como uma das principais atividades a produção de leite e se destaca pela adoção de tecnologias modernas voltadas à sustentabilidade e à proteção ambiental. O Grupo Agronelli busca soluções para uma produção mais equilibrada e sustentável.

Com a parceria, será possível contribuir para um balanço de emissões mais favorável e demonstrar que é possível produzir com responsabilidade ambiental. Foi destacada a importância da pesquisa para desmistificar a imagem da agropecuária como vilã das mudanças climáticas. Como possuem fazendas de grande porte, os resultados poderão ser avaliados em larga escala. É um exemplo de pesquisa aplicada, sendo executado em um ambiente produtivo real, o que possibilita os demais produtores de leite observarem os efeitos da adequação da dieta in loco. O projeto, que contempla rebanhos de leite, será difundido entre os produtores rurais com apoio de instituições parceiras. A pesquisa contribui diretamente com os compromissos de Minas junto ao PLAC, que prevê a redução de 36% nas emissões de metano da pecuária até 2030, em relação à década anterior.

A Epamig também atua com sistemas integrados de produção que favorecem a o acúmulo de biomassa vegetal, sequestrando carbono da atmosfera. Os sistemas integrados foram implantados em uma área cultivada com capim-marandu há mais de 25 anos. O modelo ILPF, que combina milho, forrageiras e espécies florestais como o Corymbia citriodora, proporciona maior eficiência no uso da água e dos fertilizantes. Com isso, foi possível converter uma área de emissão líquida em uma área de sequestro de carbono, tornando o sistema produtivo mais resiliente. As pesquisas contam com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) como principal fonte financiadora, além do apoio de instituições como a Emater-MG, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), a Finep, o CNPq, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS Cerrado), entre outras. Fonte: Epamig. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.