29/May/2025
Em meio ao recente caso de gripe aviária registrado em uma granja comercial do Rio Grande do Sul, um novo relatório da ONG Alianima acende o alerta para os riscos sanitários associados aos baixos níveis de bem-estar animal na avicultura industrial. A 2ª edição do "Observatório do Frango" defende que melhorias nas práticas de criação, incluindo o uso de linhagens de crescimento mais natural, podem reduzir em até 78% a exposição dos frangos à dor extrema e ajudar a conter ameaças sanitárias como a Influenza Aviária. O estudo lembra que o Brasil abateu 5,45 bilhões de frangos em 2024, consolidando sua posição de liderança global nas exportações da proteína, com os Estados da Região Sul perfazendo 65% da produção e 78% das exportações.
No entanto, o modelo predominante de produção intensiva, baseado em aves geneticamente selecionadas para crescimento rápido, acarreta problemas de saúde animal. Esse sofrimento poderia ser significativamente reduzido com a adoção de linhagens mais lentas e métodos mais humanitários de abate, afirma a Alianima. O relatório aponta o Better Chicken Commitment (BCC) como referência internacional de boas práticas, com critérios que incluem menor densidade de alojamento, acesso à luz natural e métodos de insensibilização mais eficazes. Embora mais de 500 empresas globais já tenham aderido ao BCC, nenhuma companhia atuante no Brasil assumiu esse compromisso publicamente.
O estresse afeta diretamente a imunidade das aves, tornando-as mais vulneráveis a infecções como a gripe aviária. Ambientes superlotados favorecem a disseminação de agentes patogênicos e o surgimento de cepas com potencial zoonótico. Na perspectiva da Saúde Única (que integra saúde animal, humana e ambiental), o relatório defende mudanças estruturais no sistema de produção para mitigar riscos sanitários globais. Além da genética das aves, o método de abate também é alvo de críticas. O uso predominante da eletronarcose em cuba de imersão no Brasil é considerado ultrapassado e causador de sofrimento adicional. A Alianima defende a substituição pelo abate por atmosfera controlada, padrão já exigido por compromissos internacionais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.