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23/May/2025

Frango: impacto logístico do caso de gripe aviária

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o impacto da suspensão de exportações de carne de frango do Brasil para vários países deve ser mais logístico do que comercial, em razão do custo de armazenagem. Até agora, 21 destinos suspenderam as compras de carne de frango do Brasil após a detecção, no dia 16 de maio, de um foco de gripe aviária em granja comercial em Montenegro (RS), segundo levantamento mais recente do Ministério da Agricultura. Ainda não é possível mensurar o prejuízo com os bloqueios temporários aos embarques externos da proteína. Mas o impacto, às vezes, é mais logístico, é o custo de armazenagem. O caso de doença de Newcastle, registrada em plantel comercial no ano passado no Rio Grande do Sul, ilustra como esses "choques iniciais" nem sempre se traduzem em perdas significativas para o setor de aves ao longo do ano. O Rio Grande do Sul teve uma queda relevante nas exportações nos dois primeiros meses após o caso. Mas terminou o ano com queda de apenas 6%. E o Brasil, no mesmo período, aumentou em 3% as exportações.

O cenário atual ainda é incerto, pois depende do tempo de duração das restrições e da capacidade de redirecionamento dos embarques de carne de frango. Ainda não se sabe quanto tempo isso vai durar e se houve perda do que foi embarcado. Em alguns casos, a escassez provocada pela interrupção momentânea das vendas pode até elevar os preços. Apesar das incertezas, o Brasil mantém a maior parte dos canais de exportação funcionando. Dos 151 mercados, 130 ainda estão abertos de alguma forma, com regionalização, por exemplo, e mais de 100 estão liberados mesmo dentro do raio de 10 Km. Conforme o Ministério da Agricultura, além dos 21 destinos que suspenderam as exportações de carne de frango de todo o Brasil, há ainda mercados para os quais estão impedidas as exportações de produtos avícolas apenas do Rio Grande do Sul.

É o caso de Reino Unido, Bahrein, Cuba, Macedônia, Montenegro, Cazaquistão, Bósnia e Herzegovina, Tajiquistão, Ucrânia e União EuroAsiática (Rússia, Belarus, Armênia e Quirguistão). O Japão e os Emirados Árabes Unidos suspenderam as compras de carne de frango e derivados do município de Montenegro (RS), onde o foco da doença foi detectado. Para a Arábia Saudita, também estão suspensas as exportações de frango brasileiro proveniente do município de Montenegro, conforme prevê o protocolo acordado pelos países. Os protocolos acordados entre Brasil e Singapura, Hong Kong, Argélia, Índia, Lesoto, Mianmar, Paraguai, São Cristóvão e Nevis, Suriname, Uzbequistão, Vanuatu e Vietnã preveem a regionalização dos embarques para um raio de 10 quilômetros do foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP).

A autorização dada pelo Ministério da Agricultura à solicitação da ABPA, de flexibilização da estocagem de carne de frango pronta para exportação, tem caráter preventivo e visa facilitar a logística dos embarques diante de um cenário de incertezas. Não há, no momento, problema de estocagem. É uma medida preventiva. O mesmo já aconteceu no caso da doença de Newcastle e na greve dos caminhoneiros. A autorização permite que plantas frigoríficas ajustem temporariamente seus estoques e protocolos de movimentação de cargas, caso haja necessidade de envio imediato de produtos a mercados que venham a reabrir após bloqueios sanitários. Não há, neste momento, falta de espaço ou gargalos, mas sim uma atuação proativa das empresas. A preocupação se dá diante de possíveis mudanças rápidas no status sanitário de mercados importadores. A medida pode reduzir o tempo entre a reabertura de mercados e o envio efetivo de produtos. Esse é o sentido do pedido: não é algo que precisa agora, mas é uma proteção. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.