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20/May/2025

Frango: impactos da gripe aviária nas exportações

O Brasil pode deixar de exportar de US$ 100 milhões a US$ 200 milhões de frango e derivados em um mês em virtude das suspensões temporárias às exportações, após a confirmação do primeiro caso gripe aviária em uma granja comercial. A estimativa é do Ministério da Agricultura. O cálculo considera um impacto de 50 mil a 100 mil toneladas que podem deixar de ser exportadas em um mês ao preço médio praticado no mercado internacional de US$ 2 mil por tonelada. É provável que haja um impacto de redução de exportação de 10% a 20% em relação à média de 465 mil toneladas por mês que vêm sendo exportadas em 2025. Ainda é difícil prever um número fechado porque vai depender de quais países restringirão as compras e por quanto tempo. O impacto potencial é calculado com base nos países que deixarão de importar carne de aves e subprodutos de todo o território brasileiro e naqueles que deixarão de comprar frango e subprodutos provenientes do município ou do Estado onde o foco foi detectado, em Montenegro, no Rio Grande do Sul.

O impacto vai depender da extensão das suspensões, da flexibilização por parte dos países importadores se irão restringir o embargo à área afetada e da quantidade de países que farão bloqueio total, bem como da rapidez da retomada da normalidade das compras. Se a China, principal destino do frango brasileiro, flexibilizar a suspensão à região do foco, o impacto pode ser menor. As suspensões temporárias dos embarques estão previstas nos protocolos sanitários acordados entre o Brasil e os parceiros comerciais, caso da China, principal destino do frango brasileiro. Protocolos acordados pelo Brasil com países como Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Argentina, Reino Unido e Filipinas permitem a continuidade de exportação de carne de frango do Brasil, à exceção do município ou Estado onde o caso foi detectado. Parte do volume será redirecionado tanto a outros destinos quanto ao próprio mercado doméstico. O fato de determinado país não comprar não significa que esse volume não será exportado.

Parte significativa da exportação será redirecionada a outros países que permitam e outra parte será direcionada para o mercado interno. O cálculo de um mês considera o prazo de 28 dias de encerramento do caso, provável data para retomada dos mercados. Há expectativa também por parte do governo de que as suspensões totais às exportações de carne de aves e derivados do Brasil sejam temporárias e se revertam em embargos regionais, ou seja, restritos ao raio de 10 Km de onde o caso foi detectado, ao município de Montenegro ou ao Estado. Nos primeiros dias, haverá um bloqueio maior. Muitos países suspendem o Brasil como um todo como medida de precaução inicial. Quando veem que o caso está contido e recebem mais informações, eles migram para regionalização de raio, município ou Estado. Serão fornecidas as informações solicitadas e a expectativa é de que isso seja revertido de maneira célere pelos países.

O Brasil é o maior produtor e exportador de frango do mundo, perfazendo 35% do comércio mundial da proteína. Em 2024, o Brasil exportou 5,157 milhões de toneladas de carne de frango, com receita de US$ 9,742 bilhões. Talvez com os bloqueios de exportação, o País volte aos patamares de 2024, que foi um ano recorde. Os principais compradores do frango brasileiro no ano passado foram China (13% do total dos embarques da proteína brasileira), Emirados Árabes Unidos (9,7%), Japão (8,8%) e a Arábia Saudita (8,4%). A demanda mundial pela carne de frango brasileira está aquecida, já que os principais players estão com plantéis atingidos pela gripe aviária. O mundo está comprando 9% mais frango do Brasil neste ano com preços maiores em relação ao ano passado, mostrando a forte demanda. No ano passado, mesmo com a gripe aviária em seu plantel, os Estados Unidos exportaram 3,3 milhões de toneladas de frango. O mundo está se acostumando com essa situação.

Para o BTG Pactual, o primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade em uma granja comercial no Brasil pode provocar impacto de até US$ 300 milhões mensais nas exportações de carnes de aves do País enquanto durarem embargos aos embarques do produto. Trata-se de estimativa preliminar. Tomando como referência os volumes de 2024, as exportações do Rio Grande do Sul somadas às destinadas a países que implementaram proibições nacionais representaram cerca de 42% do valor total das exportações de carne de frango do Brasil no ano passado, aproximadamente US$ 3,9 bilhões. Em uma estimativa preliminar, e um tanto superestimada, isso sugere um impacto potencial mensal de cerca de US$ 300 milhões enquanto as proibições estiverem em vigor. O caso marca uma nova etapa no enfrentamento da doença no País ao romper uma barreira que vinha sendo mantida desde 2022, quando surgiram os primeiros casos suspeitos, restritos até então a aves silvestres.

O fato de ter passado mais de dois anos desde a detecção inicial até que o vírus atingisse os plantéis comerciais reforça a robustez dos protocolos sanitários e da gestão de saúde animal do País. Ainda assim, o impacto de curto prazo será sentido. O episódio deve frustrar as expectativas de retomada gradual das margens no setor. A interrupção súbita de exportações que representam quase metade do fluxo total deve impactar a capacidade de captura de preços melhores e desorganizar o fluxo de produtos. A situação atual é negativa para os players brasileiros de carne de frango. Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, alguns bloqueios comerciais podem ser revertidos antes mesmo do fim do período de 60 dias. Ainda assim, o BTG alerta: se os bloqueios comerciais forem prolongados, o desfecho não será tão benigno quanto o do surto de Newcastle no ano passado. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.