20/May/2025
Segundo o Rabobank, no relatório Global Pork Quarterly Q2 2025, o comércio global de carne suína deve passar por uma reconfiguração significativa em 2025, com destaque para o reposicionamento de fluxos de exportação e a intensificação dos riscos sanitários e de custos de produção. As tarifas estão desestabilizando o comércio global de proteínas, e Brasil e Europa despontam como os principais beneficiários da tensão comercial entre Estados Unidos e China. Embora a China mantenha a meta de autossuficiência, com importações representando menos de 5% do consumo interno, continua sendo o maior mercado importador de carne suína do mundo.
Nesse contexto, a Europa, o Chile e o Brasil devem ampliar sua participação no mercado chinês, enquanto os exportadores norte-americanos devem enfrentar pressão sobre os preços, especialmente dos subprodutos. Com o mercado chinês amplamente inacessível, mercados alternativos devem absorver as exportações a preços reduzidos. Os custos de produção permanecem "mistos" globalmente. Os preços do milho seguem elevados na América do Sul, impulsionados pela forte demanda, pelo uso crescente em biocombustíveis e pela menor oferta interna. A desvalorização do Real brasileiro também contribui para esse cenário.
Por outro lado, produtores da América do Norte e Europa devem se beneficiar de custos de ração mais baixos ao longo do segundo semestre. No campo sanitário, os riscos permanecem elevados. As ameaças de doenças podem ser regionais, mas o risco é global. O relatório menciona surtos de febre aftosa na Europa e casos de peste suína africana (PSA) na Ásia e Europa Oriental. Além disso, o vírus da síndrome reprodutiva e respiratória (PRRSv) dos suínos continua afetando a produtividade em regiões da América do Norte e Europa. Apesar disso, há otimismo com a recente aprovação, nos Estados Unidos, de uma tecnologia de edição genética para suínos resistentes ao PRRSv, apontando-a como uma possível solução de longo prazo.
No front dos preços, o segundo trimestre de 2025 começa com recuperação. Os preços da carne suína se recuperaram após queda no primeiro trimestre, impulsionados pela oferta restrita e desafios contínuos de produtividade. No entanto, a demanda segue limitada pela perspectiva de desaceleração econômica global e pela inflação em algumas regiões, o que pode levar o consumidor a migrar para canais de varejo e cortes mais baratos. Com relação aos insumos, a expectativa de uma boa safra sul-americana e o avanço do plantio no Hemisfério Norte devem ajudar a manter os custos de ração sob controle, embora o Rabobank alerte para possíveis impactos de desenvolvimentos geopolíticos e incertezas climáticas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.