19/May/2025
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que, em virtude do foco de gripe aviária em granja comercial no Brasil, as exportações de frango e derivados para a China serão suspensas automaticamente por 60 dias. O embargo temporário e automático está previsto no protocolo de exportação entre os países. O protocolo com a China restringe a exportação de frango de todo País em caso de gripe aviária. A partir de sexta-feira (16/05), por 60 dias, a China não comprará carne de frango brasileira. A China é o principal destino do frango brasileiro. O Brasil vinha negociando a regionalização do protocolo de gripe aviária com a China, ou seja, que os embargos sejam restritos à área ou ao município com caso detectado, mas ainda não foi concluída. Fávaro ressaltou que o Brasil comercializa frango para cerca de 200 países. O ministro lembrou que, desde a identificação em maio de 2023 em animais silvestres, o Brasil vem buscando rever os protocolos sanitários com países parceiros.
O protocolo com Japão prevê embargo de exportações ao Rio Grande do Sul e ao município de Montenegro, onde o foco foi detectado. Há protocolo de regionalização de embargos de gripe aviária com Emirados Árabes, Arábia Saudita. O Brasil já anunciou o caso de gripe aviária aos seus demais parceiros comerciais. O ministro afirmou que o impacto da gripe aviária em exportações de frango do Brasil está sendo calculado. O sistema brasileiro é tão robusto e confiável, que vários países passaram a trocar o protocolo, sabendo que o Brasil tem estrutura para fazer a contenção e, portanto, a restrição comercial fica restrita à região do foco do acontecimento. A expectativa é avançar nas negociações com países para regionalizar embargos e retomar o fluxo comercial. Contêineres que estão em trânsito de exportação não têm o fluxo afetado. Trata-se do primeiro caso no Brasil de gripe aviária no sistema comercial.
O caso em granja comercial foi confirmado na quinta-feira (15/05) em um matrizeiro (granja de produção de ovos férteis) de aves comerciais em Montenegro, na Região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O Brasil espera retomar a exportação de carne de frango e derivados à China antes de 60 dias, assim que o foco de gripe aviária em granja comercial for debelado, segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A expectativa é de que o caso seja concluído em 28 dias. Com eficiência no bloqueio e transparência nas informações, comprovando a eliminação total do foco e restabelecendo a segurança ao comprador, o País pode, antes de 60 dias, restabelecer o fluxo comercial, afirmou o ministro Carlos Fávaro. A China é o principal destino do frango brasileiro, com 192 mil toneladas exportadas no acumulado de janeiro a abril deste ano e receita de US$ 455 milhões. Em 2024, o Brasil exportou 561 mil toneladas de carne de frango à China, gerando US$ 1,288 bilhão em vendas externas.
Segundo Fávaro, no momento, há embargos de diferentes graus para todos os parceiros comerciais do País. Para alguns países, a suspensão é restrita ao raio de 10 Km do foco onde foi detectada a doença ou ao município do caso, o que é chamado de regionalização. Outros restringem-se ao Estado, no caso, o Rio Grande do Sul. O Brasil já tem protocolo de regionalização dos embargos com Japão, Emirados Árabes, Reino Unido, Arábia Saudita e Argentina. Desde o primeiro foco de gripe aviária em aves silvestres, foi intensificada a revisão do protocolo com diversos países. Fávaro afirmou que os impactos às exportações brasileiras estão sendo calculados. A expectativa é de que alguns destinos retomem a comercialização imediatamente à erradicação do foco. Trata-se do primeiro caso no Brasil de gripe aviária no sistema comercial (Influenza Aviária de Alta Patogenicidade). A granja foi isolada, as aves do plantel eliminadas e todo o sistema comercial da região está sendo monitorado, bem como o fluxo comercial da granja foi rastreado e os ovos férteis inutilizados.
O governo atua sobretudo em duas frentes. As medidas, do ponto de vista sanitário, vão no sentido de evitar a entrada da doença em outras granjas comerciais e, sob o ponto de vista comercial, é restabelecer o mais rápido possível os fluxos comerciais. A expectativa do Ministério da Agricultura é de que outros países flexibilizem o protocolo de regionalização de gripe aviária, restringindo os embargos à área do foco detectado, mesmo com as ações em curso. É possível conseguir essas mudanças, comprovando que outras regiões não têm risco de foco e, com isso, liberação dos embarques das demais regiões, afirmou o ministro. União Europeia (UE) é um dos destinos com os quais o Brasil negocia a regionalização do protocolo. O ministro enfatizou que não há sinais de aves doentes em outras granjas comerciais na região do foco detectado. Há suspeita de gripe aviária em animais silvestres em zoológico de Sapucaia do Sul (RS) que está sendo averiguada, mas em granjas comerciais a única suspeita foi essa confirmada.
Ao menor indício de animais doentes, o protocolo de contenção é ativado. De acordo com o ministro, todos os parceiros comerciais do Brasil foram comunicados do caso, assim como a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também já foi avisado do caso pelo ministro. O presidente pediu para intensificar os trabalhos e questionou se há necessidade de recursos extras para ampliar a fiscalização e que pode tomar providências para ampliar. No momento, disse Fávaro, não é necessário ampliar o orçamento já previsto para as ações de defesa agropecuária e para as medidas sanitárias em curso em virtude da emergência zoossanitária na região. As medidas de contenção e erradicação do foco previstas no Plano Nacional de Contingência estão em curso. As ações incluem o bloqueio comercial da granja, o monitoramento da região, além da erradicação das aves do plantel afetado, assim como intensificação das medidas de fiscalização e biossegurança.
O ministro esclareceu que não há risco no consumo de carne de frango e derivados, assim como o risco de contaminação da doença reside sobretudo aos profissionais que têm contato direto com as aves. O Brasil vem registrando casos de gripe aviária em aves silvestres e domésticas (granjas de fundo de quintal) desde 2023, mas até o momento o sistema comercial não tinha sido afetado. Segundo a plataforma de Síndrome Respiratória e Nervosa das Aves do Ministério da Agricultura, há 166 focos, sendo 163 em aves silvestres e 3 em produção de subsistência (caseira), confirmados até o momento. Há outros 3 focos sendo investigados. O País era o único entre os grandes produtores mundiais que ainda não tinha registrado o caso em plantel comercial. No mundo, o vírus da gripe aviária em granjas comerciais circula desde 2006, principalmente na Ásia, África e no norte da Europa.
Mesmo antes da confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul, as exportações do Estados de carne de frango para a China já estavam suspensas desde julho de 2024. O motivo foram focos da doença de Newcastle detectados em plantéis de aves. O Rio Grande do Sul enfrenta, desde então, restrições severas no comércio internacional de carne de frango. Desde o segundo semestre de 2024, a Administração Geral de Alfândegas da China (GACC) manteve o Estado fora da lista de regiões autorizadas a exportar a proteína da ave ao país, em decorrência do foco de Newcastle detectado em Anta Gorda (RS).
Apesar de o foco ter sido encerrado oficialmente no fim de julho, oito frigoríficos seguem impossibilitados de acessar o mercado chinês, o principal destino da carne de frango brasileira. Estão entre as empresas afetadas unidades da BRF, da JBS, da Aurora, da Languiru, da Minuano e da Agrosul. Agora, após o foco de gripe aviária em Montenegro (RS), o Rio Grande do Sul está vedado de exportar carne de frango não só para a China (que, aliás, suspendeu por 60 dias os embarques de todo o Brasil), mas para qualquer outro país, por pelo menos 60 dias, seguindo protocolos sanitários internacionais. Neste cenário, o setor avícola do Rio Grande do Sul vê a pressão aumentar. Ainda que os embarques anteriores ao dia 15 de maio estejam mantidos, o Estado permanece duplamente impedido de acessar o mercado chinês e, por ora, outros destinos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.