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19/May/2025

Frango: gripe aviária ameaça resultado de empresas

JBS e Marfrig fecharam o primeiro trimestre do ano amparadas em um pilar comum: o frango. Seara (da JBS) e BRF (Marfrig) foram os motores de crescimento das duas gigantes da proteína animal, sustentando margens robustas e compensando a pressão sobre as operações de carne bovina, especialmente nos Estados Unidos, de acordo com os resultados financeiros divulgados na semana passada. Mas, esses alicerces agora estão sob risco. No momento em que as empresas comemoravam os resultados, o Ministério da Agricultura confirmou, na sexta-feira (16/05), o primeiro caso de gripe aviária altamente patogênica em uma granja comercial no Brasil, no município de Montenegro (RS). A detecção aciona protocolos internacionais: as exportações de carne de frango para a China e a União Europeia estão temporariamente suspensas; a China, por 60 dias. O impacto potencial é significativo.

O país asiático é o maior comprador da carne de frango brasileira, com cerca de 10% dos embarques totais da proteína de ave brasileira, e o bloco europeu ocupa a sétima posição. Além disso, outros países podem adotar embargos. No caso da Seara, as exportações no primeiro trimestre somaram US$ 1,2 bilhão, com alta de 14% na comparação anual. A receita líquida atingiu R$ 12,6 bilhões, alta de 22% na comparação anual, enquanto o Ebitda ajustado avançou 109%, para R$ 2,5 bilhões. A margem Ebitda ficou em 19,8%, a maior da história para um primeiro trimestre, segundo a empresa. O resultado da Seara reflete o foco e a disciplina na busca da excelência operacional e a atuação estratégica da empresa nos mercados interno e externo, com captura de valor por meio da gestão do mix de produtos, além da liderança em inovação, afirmou a JBS no comunicado ao mercado.

A BRF, responsável por R$ 15,5 bilhões em receita no período, viu seus volumes exportados crescerem 3,5%, com alta de 11,5% no preço médio no segmento internacional. Além disso, o Ebitda ajustado foi de R$ 2,75 bilhões, a empresa registrou margem de 17,7%. A BRF também começou 2025 com ótimos resultados, destacou a Marfrig. Foram fundamentais para compensar o trimestre mais desafiador da operação na América do Norte, que passa por um momento de baixa disponibilidade de animais e maior custo de matéria-prima. Com operações cada vez mais orientadas para produtos de mais valor agregado e mercados estratégicos, o setor vinha colhendo os frutos de um ciclo positivo. Agora, o risco sanitário reacende a instabilidade e ameaça os fundamentos que sustentaram os melhores números da JBS e da Marfrig em muitos trimestres. A preocupação se dá porque o caso ocorre no Rio Grande do Sul, terceiro maior exportador de frango do Brasil.

Desde julho de 2023, o Estado já enfrenta embargo chinês devido a um caso de Newcastle no município de Anta Gorda, mesmo após a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconhecer oficialmente a erradicação da doença, os chineses não retomaram as compras do Estado. Em tentativa de conter o dano, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a granja afetada produz matrizes de ovos para recria em aviários, e que a área já foi isolada, com ações de higienização em curso. Ressaltou ainda que o vírus circula globalmente desde 2006 e que o Brasil foi o último dos grandes exportadores a registrar um foco em granja comercial. Apesar disso, o episódio lança uma sombra sobre os resultados futuros de JBS e Marfrig, justamente no momento em que o frango havia se consolidado como a âncora de estabilidade e rentabilidade em meio a outros segmentos ainda pressionados, especialmente o de carne bovina nos Estados Unidos. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.