15/May/2025
A produção brasileira de carne bovina segue em crescimento. Mas, o ritmo da expansão não acompanha a demanda externa. Dados oficiais (IBGE) mostram que a produção aumentou 2,73% em relação ao primeiro trimestre de 2024, ao passo que a exportação total teve acréscimo de 11,86% (Secex). Segundo dados preliminares do IBGE, foram produzidas 64.925 toneladas a mais de carne e, no mesmo período, dados da Secex mostram que a exportação foi ampliada em 70.972 toneladas. Considerando também a importação, que cresceu 3,9%, a disponibilidade interna de carne bovina foi 1,23% menor no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2024.
Os preços tanto do boi gordo quanto da carne bovina já haviam sinalizado esse quadro. O preço médio do boi gordo em São Paulo) esteve 22% maior, em termos reais (deflacionados pelo IGP-DI), que no primeiro trimestre de 2024. No mesmo comparativo, a carcaça casada de boi no atacado de São Paulo teve valorização de 23,8%. Sob influência de todo o contexto mundial, que impacta o câmbio e o preço internacional da carne, e do mix de cortes, a média da carne exportada pelo Brasil subiu 28,3% na comparação entre o primeiro trimestre de 2025 e o mesmo período do ano passado. Esse conjunto de dados mostra que o incentivo à produção nos anos recentes não foi suficiente para corresponder à demanda que veio a se concretizar.
Os bois, novilhos e novilhas (representam entre 68 e 72% do abate total; o restante são vacas) que foram abatidos no primeiro trimestre deste ano seriam fruto de matrizes emprenhadas, aproximadamente, no final de 2021 e começo de 2022, considerando-se bovinos entre 2 e 2,5 anos. Naquele período, os preços estavam acima de R$ 300,00 por arroba beirando os R$ 350,00 por arroba em alguns momentos, a valores da época, o que estimulou a produção de bezerros. Ao longo de 2023 e em boa parte de 2024, quando aqueles bovinos se desenvolviam, os preços estiveram baixos e podem ter limitado investimentos na nutrição. Além disso, foi severa a seca e ainda houve inúmeras queimadas que consumiram as pastagens no outono e inverno de 2024.
Esse contexto motivou a oferta de um número maior de bovinos abatidos neste início de ano, segundo o IBGE, 5% a mais de cabeças, ou 468.643 e, também, tende a ter influenciado o peso médio 2,23% menor dos bovinos. Em média, cada bovino pesou 252,10 quilos (16,81 arrobas), contra 257,9 quilos (17,2 arrobas) no primeiro trimestre do ano passado, diferença 5,76 quilos a menos por bovino. Além disso, é possível que também tenha tido um leve aumento na participação de fêmeas no abate total, informação que poderá ser confirmada em junho na edição consolidada e detalhada do IBGE sobre os abates. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.