08/May/2025
Os preços dos bovinos para abate (machos e fêmeas) estão em tendência de queda na maioria das regiões, há cerca de duas semanas. Sob essa influência, nos últimos dias, também os preços e a liquidez no segmento de reposição começam a perder fôlego, mas de forma discreta até o momento. De modo geral, essas negociações estão em bom ritmo, com alto percentual de arremate nos leilões, indicando o otimismo de recriadores com a pecuária em curto e médio prazos. No entanto, conforme o boi gordo se desvaloriza, a relação de troca para os recriadores piora, tornando mais caro o principal insumo de quem vende para abate e comprimindo sua estimativa de margem. No passado recente, junho/2024 foi o mês com a pior relação de troca para quem faz recria. Considerando o preço médio do boi gordo em São Paulo e do bezerro em Mato Grosso do Sul, foram necessárias 9,35 arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro. Nos meses seguintes, com a recuperação no valor da arroba, houve uma forte queda dessa relação, chegando a 7,32 em outubro, momento favorável para a compra da reposição.
Ao longo de 2025, mês a mês, a relação tem piorado para quem faz a recria, sendo necessárias mais arrobas de boi gordo para a compra de um bezerro. Em janeiro, a troca (boi em SP e bezerro em MS) se dava com 8,11 arrobas; em abril, já eram necessárias 8,71, menos que as 9,05 arrobas de abril do ano passado. Mas, na parcial de maio, já são necessárias 9,24 arrobas de boi vendidas em São Paulo para se comprar um bezerro em Mato Grosso do Sul, ou seja, 14% a mais que em janeiro. Em abril do ano passado, o peso médio dos bezerros considerados para o Indicador CEPEA/ESALQ em Mato Grosso do Sul foi de 208 quilos; em janeiro, de 212,4 quilos e, em abril, esteve em 204 quilos. A mesma tendência é vista para o boi magro. Considerando-se o preço médio do boi gordo em São Paulo e o do boi magro em Mato Grosso do Sul, por exemplo, em janeiro, a relação era de 11,68 arrobas para um boi magro; em abril, já tinha subido para 13,03, aumento de 11,5%. Em abril do ano passado, a troca se dava por 12,09 arrobas. A resposta dos recriadores a essa tendência de encarecimento da produção passa pelo ganho de produtividade.
Aí entra a importância de investimentos em genética e na qualidade do manejo e alimentação para que os animais sejam abatidos com menor idade e com maior peso, num devido equilíbrio custo/benefício. A uniformidade dos bovinos e o tamanho dos lotes também influenciam fortemente nos preços negociados com os frigoríficos. Em São Paulo, o intervalo de preços no estado de São Paulo é de R$ 310,00 a R$ 335,00 nesta semana, com as máximas sendo obtidas por lotes que atendem aos critérios mais elevados dos compradores. Essa diferença na receita impacta fortemente na rentabilidade do negócio e, ao longo do tempo, vai definindo a robustez de alguns, cada vez mais profissionalizados, e a precariedade de outros que tendem a deixar a atividade. Dados médios como a relação de troca de bezerro ou boi magro por boi gordo são indicativos importantes para a decisão do momento de compra ou de venda dos pecuaristas de modo geral, impactando não só a margem, mas também o poder de investimento dos produtores. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.