17/Apr/2025
O período de Quaresma vai terminando sem impactar negativamente os preços da carne bovina, inclusive nesta semana que antecede a Páscoa. A demanda dá sinais de que se mantém acima da oferta, mesmo com a carne bovina tendo perdido competitividade frente a outras proteínas. A disponibilidade interna de carne bovina em março esteve relativamente baixa e, ao longo de abril, o ritmo de compra dos frigoríficos indica abates moderados. O mercado pecuário tem se caracterizado pela oferta limitada de bovinos para abate e pela demanda externa aquecida, que enxuga a disponibilidade doméstica.
Essa combinação tem justificado a valorização do boi gordo e da carne bovina tanto no atacado doméstico quanto no mercado internacional, influenciado também por outros fatores. Como resultado, o volume posto à disposição do consumidor brasileiro se mostra abaixo da demanda, cenário que vem resultando, desde a última semana de março, em sucessivas altas nos preços da carne com osso e de cortes negociados no atacado de São Paulo. Esse comportamento tem reduzido a competitividade da carne bovina frente às principais concorrentes, a carne suína e de frango, e diante da tilápia.
Em São Paulo, no atacado, a carcaça casada bovina registra valorização de 4,5% no acumulado de abril, a R$ 26,68 por Kg. Os preços dos cortes sem osso também estão em alta. O valor do coxão mole, por exemplo, acumula no mês aumento de 3%, a R$ 32,26 por Kg. O acém, mais barato e bem demandado pela China, valoriza-se em 3,2%, cotado a R$ 26,58 por Kg. No front externo, o Brasil embarcou até a segunda semana de abril, 10,9 mil toneladas/dia de carne bovina in natura, média 15,6% superior à de abril/2024, quando a média diária foi de 9,4 mil toneladas.
Esse ritmo é semelhante à marca elevada de março. Aos olhos do consumidor, os cortes de maior valor concorrem com proteínas também de maior valor agregado, como pescados, principalmente nesta época do ano. Compradores, tanto na ponta final, quanto no segmento de serviços, como restaurantes, bares e hotéis, tendem a adquirir mais carne branca. Para comparação com o coxão mole (que se valorizou 3% neste mês), foi analisado o comportamento do preço do filé de tilápia na região dos Grandes Lagos de São Paulo. O aumento no valor deste pescado foi de 3,8% em março, cotado a R$ 33,34 por Kg.
Na parcial de abril, a cotação média da tilápia pronta para abate (ao produtor) segue em alta, com ganho por volta de 2% na primeira quinzena. Já para os cortes bovinos de dianteiro, como o acém, a concorrência é mais forte com a carne suína e de frango. Em abril, o pernil sem osso permanece praticamente estável, cotado a R$ 15,57 por Kg. Com isso, o corte suíno ganhou competitividade diante do acém, que se valoriza 3,2%. O filé de peito resfriado já acumula elevação 2% em abril, indo a R$ 16,31 por Kg. Também neste comparativo, o acém se torna menos atraente, pela via dos preços, aos consumidores. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.