17/Apr/2025
Segundo avaliação do Itaú BBA, a combinação entre tarifas aplicadas pelos Estados Unidos e uma retração esperada na produção de carne bovina norte-americana em 2025 pode abrir oportunidades comerciais para o Brasil em mercados até agora pouco explorados. Japão, Coreia do Sul, Canadá, Taiwan, México e Colômbia figuram entre os destinos com maior potencial para avanço das exportações brasileiras de carne bovina, suína e de frango. O percentual brasileiro no total de carnes importadas é praticamente zero no Japão e na Coreia do Sul em carne bovina, e muito pequeno em carne suína. Também há espaços ainda pouco ocupados na carne suína para o Brasil no México, no Canadá e na Colômbia, e na carne de frango em destinos como Taiwan, Guatemala, Canadá, Vietnã e Cuba. De acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção norte-americana de carne bovina deve cair 1,1% em 2025, o que representa cerca de 134 mil toneladas a menos.
Esse recuo poderá manter os Estados Unidos na posição de importador líquido de carne bovina, mesmo sendo o quarto maior exportador global. Apesar de serem o quarto maior exportador global de carne bovina, os Estados Unidos são importadores líquidos de quase 1 milhão de toneladas. O Brasil, que já é líder global nas exportações da proteína, pode ser um dos principais beneficiados na redistribuição de fluxos, ao lado de países como Argentina e Austrália. Esses dois concorrentes, no entanto, também foram atingidos pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Austrália e Argentina, concorrentes do produto brasileiro, também sofreram aumentos de tarifa em 10%. De modo que, na margem, o Brasil segue competitivo neste setor. O potencial de avanço dependerá da capacidade de resposta da indústria brasileira, das habilitações sanitárias e da manutenção das condições atuais de mercado. Mesmo sem acordos comerciais formais, o Brasil pode capturar uma fatia maior de mercados estratégicos se as tarifas norte-americanas forem mantidas e as tensões comerciais não se dissiparem rapidamente.
Há oportunidade de ampliar volumes de exportação para alguns países que fazem grandes aquisições de proteínas animais dos Estados Unidos. Esse possível reposicionamento comercial ocorre em um momento em que o Brasil apresenta ampla disponibilidade de oferta, câmbio favorável às exportações e capacidade de resposta rápida à demanda externa. Apesar do cenário, em princípio, positivo, os desdobramentos do conflito tarifário entre Estados Unidos e seus parceiros comerciais são imprevisíveis. Os desdobramentos do tarifaço para o agronegócio brasileiro, com as informações até meados de abril, parecem, no agregado, positivos. Mas isso dependerá do não aprofundamento das tensões entre Estados Unidos, China e União Europeia, direcionando o mundo a um menor crescimento econômico. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.