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15/Apr/2025

Frango: galinheiros comunitários preocupam no PR

Um projeto que prevê a implantação de galinheiros comunitários em comunidades indígenas está gerando polêmica no Paraná. Enquanto defensores da ação ressaltam sua importância para a segurança alimentar dos povos indígenas, entidades ligadas ao agronegócio mostram preocupação com riscos sanitários para a avicultura do Estado. A instalação dos galinheiros comunitários integra o projeto “Opaná: Chão Indígena”, desenvolvido pela Fundação Luterana de Diaconia (FLD) em parceria com a Itaipu Binacional, por meio do programa Itaipu Mais que Energia. De acordo com a FLD, serão até 64 galinheiros, com 100 aves cada, totalizando 6,4 mil animais. A implantação está prevista para as regiões oeste e litoral do Estado e deve beneficiar 32 comunidades indígenas, onde já há criação de galinhas.

A construção de galinheiros já está em andamento nas comunidades Guarani do oeste do Paraná. As obras começaram no início de março e seguirão pelos próximos meses, fortalecendo a segurança alimentar indígena, que é o objetivo principal da ação. Fazem parte da iniciativa 31 comunidades indígenas beneficiadas pelo acordo que prevê a compra, pela Itaipu, de 3 mil hectares de terras rurais em cinco municípios do oeste do Estado. São mais de 5 mil pessoas nas comunidades das Terras Indígenas Tekoha Guasu Guavira e Tekoha Guasu Okoy Jakutinga. O projeto Opaná complementa essa ação de regularização das áreas, que hoje estão em litígio.

O projeto Opaná busca fortalecer a segurança alimentar por meio da implementação dos Sistemas Indígenas de Produção Agroecológica (SIPAs), que incluem outras opções à escolha das comunidades, como a criação de suínos, tanques de piscicultura, roçados e quintais produtivos, sendo todas as atividades agrícolas para subsistência. O projeto que prevê a instalação dos galinheiros comunitários tem preocupado o setor produtivo. Por solicitação inicial do Sistema Faep, foi realizada uma reunião para definir o controle sanitário nessas unidades, na segunda-feira (07/04). Participaram representantes do projeto Opaná, da Adapar, Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Ministério da Agricultura e cooperativas agrícolas, entre outros.

A Faep pediu a adoção de providências em razão dos riscos sanitários decorrentes da criação informal e de subsistência das aves. O Sistema Faep ressaltou que são preocupantes os fatos do projeto ser desenvolvido na região oeste do Estado, polo da avicultura do Paraná, e das áreas das comunidades indígenas serem espaços com acesso controlado de não indígenas, o que poderia dificultar a fiscalização. A preocupação é em relação à questão sanitária. O Paraná é líder na atividade e movimenta mais de R$ 40 bilhões por ano. Qualquer contaminação decorrente desses galinheiros comunitários poderia trazer impacto com prejuízos incalculáveis.

O gestor do Programa de Sustentabilidade Indígena da Itaipu afirma que o projeto cumpre as regras fitossanitárias e deve contribuir para o controle sanitário avícola no Estado, uma vez que prevê o encarceramento de aves que atualmente estão soltas nas áreas apontadas. Haverá um monitoramento constante e a garantia de todo o protocolo sanitário para eventual compra de aves. A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) informou que está acompanhando e cadastrando as aves e fazendo o monitoramento das áreas, em alinhamento com os coordenadores do projeto, a fim de garantir a biosseguridade com relação à prevenção da gripe aviária e outras doenças.

Os galinheiros comunitários serão voltados a criações de subsistência, ou seja, as aves, a carne e os ovos não serão comercializados, serão produzidos para consumo próprio. Dessa maneira, o protocolo adotado pela Adapar segue o padrão para as propriedades que fazem esse tipo de criação, com cadastramento e monitoramento periódico. O órgão vê como ponto positivo a implantação dos equipamentos na região litorânea do Estado, área em que a Adapar está intensificando o monitoramento da gripe aviária, uma vez que manterá um número maior de aves fechadas nas instalações.

A região tem sido monitorada por drones, tendo em vista a maior circulação de aves silvestres, o que aumenta o risco de uma possível transmissão da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (H5N1). Nessa área, não deve ser autorizada a entrada de novas aves. Na região oeste, o monitoramento dos galinheiros comunitários também será constante tendo em vista que, junto com o sudoeste, é a principal região produtora de frango do Estado. Com uma produção avícola densa, a circulação da doença aumentaria os riscos de transmissão, com graves problemas de ordem sanitária e econômica para o Paraná. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.