ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

10/Apr/2025

Boi: investigação da China deverá demorar meses

Segundo o Ministério da Agricultura, embora o governo brasileiro já tenha apresentado sua defesa na investigação de salvaguarda aberta pela China contra a importação de carne bovina do País, uma resposta ainda pode levar meses. O Brasil apresentou seus argumentos em audiência no dia 30 de março, mas ainda há etapas a serem cumpridas. Essa investigação foi iniciada no dia 27 de dezembro/2024 e ainda deve levar alguns meses até que se chegue a um veredicto. A reclamação da China, que não interrompeu o comércio do produto, se refere ao preço da carne brasileira no mercado local, que, conforme produtores, seria mais baixo que o da proteína produzida pelos chineses.

Trata-se de uma investigação de salvaguarda que difere de uma acusação de dumping, embora o efeito econômico possa ser semelhante. A salvaguarda já nasce com o objetivo de proteger a indústria local, no caso, a indústria chinesa, e parte de um pedido desse setor para que o governo possa adotar medidas que preservem seus interesses. O governo brasileiro, junto com os Ministérios das Relações Exteriores e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, além do setor privado, tem atuado de forma coordenada no caso. A China pode decidir aplicar medidas de restrição, como tarifas ou cotas. A expectativa é conseguir convencer, com argumentos técnicos, para que essa medida não se concretize, ao menos nesse primeiro momento.

No entanto, os preços da carne já estão mais alinhados, o que pode favorecer a posição brasileira. O produto brasileiro, que tradicionalmente chega à China com mais competitividade que o local, hoje já está mais alinhado em preço. O dianteiro brasileiro está chegando próximo de US$ 6,00 por Kg, o que começa a se equiparar ao preço que a indústria chinesa consegue produzir. Atualmente, a China representa cerca de 47% das exportações brasileiras de carne bovina, que, por sua vez, respondem por, aproximadamente, 30% da produção nacional. Isso significa que os chineses compram aproximadamente 15% da carne bovina produzida no Brasil.

O Insper Agro Global destacou que a demanda da China pela carne bovina deve inviabilizar a adoção de tarifas elevadas ou de cotas. A China precisa da carne importada, especialmente agora, depois de todos os desdobramentos da guerra comercial com os Estados Unidos. Então, não deverá aplicar uma tarifa proibitiva. A tarifa atual é de 12% e pode haver algum aumento, mas é improvável que isso inviabilize completamente as exportações brasileiras. Salvaguardas não podem ser direcionadas a um país específico, e sim aplicadas de forma geral. No anúncio da investigação, os chineses afirmaram que ela se refere ao mercado mundial, e não apenas ao Brasil, o que reforça esse ponto. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.