ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

02/Apr/2025

Boi: tensões China-EUA e oportunidades do Brasil

O acirramento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos pode abrir oportunidades para a carne bovina brasileira. No entanto, analistas alertam que os ganhos tendem a ser limitados, pois dependerão da capacidade de o Brasil suprir demandas específicas antes atendidas pelos norte-americanos. Em resposta às tarifas impostas pelo governo de Donald Trump sobre produtos chineses, a China elevou em 10% as taxas sobre a carne bovina norte-americana e não renovou a habilitação de alguns frigoríficos do país. Segundo o Rabobank, pode haver oportunidades para o Brasil, mas não em uma magnitude que transforme o cenário do mercado. Em 2024, os Estados Unidos responderam por apenas 5% das importações chinesas de carne bovina, com 138 mil toneladas, ante o pico mais recente, de 7% (178 mil toneladas) em 2022. O Brasil, líder do mercado, ampliou sua participação para 46% no ano passado, com 1,33 milhão de toneladas exportadas.

Com a escalada do conflito comercial e a redução da oferta norte-americana, reflexo do estágio atual do ciclo pecuário, os Estados Unidos podem perder ainda mais espaço. No entanto, a disparidade entre a participação do Brasil e dos norte-americanos no mercado chinês indica a possibilidade de uma grande transformação. Não há mais espaço para uma substituição adicional significativa. O desafio para ocupar o espaço norte-americano também se dá pelo perfil da carne exportada: enquanto os Estados Unidos fornecem cortes premium, o Brasil se concentra em cortes commoditizados, como o dianteiro. O perfil do produto é um fator limitante. A China já substituiu grande parte da carne norte-americana nos últimos anos, e o Brasil não compete diretamente nesses nichos. A indústria brasileira vem evoluindo em qualidade e já demonstrou capacidade de adaptação para atender novas demandas.

A hierarquia tradicional de cortes está sendo superada pela capacidade brasileira de oferecer carne melhor acabada. No entanto, Austrália e Argentina ainda mantêm vantagem nos cortes premium. De qualquer forma, a alta de preços causada pelas tarifas chinesas pode beneficiar os exportadores brasileiros. O cenário é positivo porque, mesmo sem mudanças no volume exportado, o cenário é de preços mais elevados. Além disso, se a Austrália redirecionar suas vendas para a China, mercados secundários ocupados pelo concorrente podem se abrir para o Brasil. Os Estados Unidos se tornaram importadores líquidos de carne bovina devido ao abate excessivo de fêmeas, o que reduz o rebanho. Esse cenário limita a capacidade dos norte-americanos de redirecionarem volumes para outros mercados caso percam espaço na China, evitando a sobre oferta no mercado global. A escassez de oferta já compromete a recomposição do plantel. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.