02/Apr/2025
Segundo relatório trimestral do Rabobank, divulgado nesta segunda-feira (31/03), após um período de margens positivas para os produtores de leite no Brasil, impulsionado por custos estáveis com ração e preços elevados, a tendência é de recuo nos preços a partir do fim do segundo trimestre de 2025. Desde o quarto trimestre de 2023, a rentabilidade no campo tem sido favorecida pelo indicador de receita menos custo da ração, que permanece acima de R$ 40,00/dia/vaca desde abril de 2024, incentivando a produção. Com isso, a oferta primária cresceu 4,5% no quarto trimestre de 2024 e deve registrar novo avanço de 3,5% no primeiro trimestre de 2025.
No segundo trimestre, a alta projetada é de 2,5% em relação ao mesmo período de 2024. Em contrapartida, o crescimento do consumo deve desacelerar em 2025. Após ganhos reais de 7% nos salários médios em 2023 e 4% em 2024, a expectativa é de uma alta mais modesta de apenas 1% em 2025, influenciada por um IPCA projetado em 6% e um crescimento do PIB de 1,9%, conforme o boletim Focus. Esse cenário pode limitar o avanço da demanda por lácteos no País. As importações devem continuar em níveis elevados no segundo trimestre, mas inferiores ao igual período de 2024. Com os preços internacionais mais altos, o aumento da oferta local e um crescimento mais moderado da demanda, o déficit comercial tende a ser menor.
Além disso, a valorização do câmbio na Argentina pode reduzir a rentabilidade dos exportadores do país vizinho, afetando os embarques de lácteos nos próximos trimestres. Diante desse contexto, a combinação entre enfraquecimento relativo da demanda doméstica e o crescimento da oferta local deve pressionar os preços pagos ao produtor para baixo, iniciando uma curva de queda no final do segundo trimestre de 2025. Entre os pontos de atenção, a recuperação da produção argentina deve atender prioritariamente o mercado interno, reduzindo o volume disponível para exportação. Além disso, a volatilidade climática segue como fator de risco, especialmente na Região Sul do Brasil, que se torna mais relevante nos meses de inverno com maior produção.
No mercado internacional, a previsão é de suporte aos preços das commodities lácteas no segundo e terceiro trimestres de 2025, com o leite em pó integral acima de US$ 4.100,00 por tonelada. A oferta segue em expansão gradual nos principais países exportadores do Hemisfério Norte, enquanto recua no Hemisfério Sul devido à chegada do inverno. A China também anunciou medidas para incentivar o consumo interno, o que pode sustentar a demanda global. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.