28/Mar/2025
A brasileira Global Eggs, que pertence ao empresário Ricardo Faria, sócio da Granja Faria, comprou a norte-americana Hillandale Farms por US$ 1,1 bilhão (cerca de R$ 6 bilhões). Com isso, a empresa, que já é dona da espanhola Hevo, se torna a segunda maior do mundo na área, atrás apenas da Cal-Maine Foods, dos Estados Unidos. Somados, o faturamento das duas empresas no ano passado chegou a US$ 2 bilhões e a geração de caixa foi superior a US$ 500 milhões, com um plantel de 41 milhões de aves. Com a crise dos ovos causada pela gripe aviária, no entanto, o valor este ano tende a ser bem maior. Além de Faria, o BTG Pactual também se tornou sócio do negócio, com participação de 11% da Global Eggs. O banco assessorou o comprador ao lado do Rabobank e o Houlihan Lockey assessorou a vendedora família Bethel.
Por trás da estratégia de criação da marca global está a transformação no consumo de ovos em todo mundo, segundo fontes. Antes com o amplo consumo mais restrito à baixa renda, o insumo tornou-se "mainstream" em diferentes classes sociais, com o ovo entrando de vez no café da manhã de muitas famílias, que deixaram de lado pães e leite. Recentemente também ganhou nichos, como os ovos orgânicos, com selênio, gourmet, de galinhas criadas soltas, sem gaiola e assim por diante. A estratégia da Global Eggs será levar essa especialização para os diferentes mercados nos quais atua, com marcas específicas para cada um deles. Por outro lado, ao construir uma empresa global, a empresa também tentará compartilhar expertises entre os diferentes mercados. Da Europa, poderá ser incorporada a expertise de produtos mais sofisticados e em embalagens menores. Do Brasil, o nível de segurança alimentar e a eficiência na produtividade. Já dos Estados Unidos, a ideia é trazer automação, engenharia de produção e distribuição.
Apesar de haver rumores de que a Global Eggs faria a aquisição nos Estados Unidos para abrir capital naquele país, pessoas próximas ao negócio negam esse objetivo. A injeção de capital, neste momento, por exemplo, foi feita de maneira privada, sem necessidade de ir ao mercado público. Um eventual novo negócio poderia se dar de maneira semelhante. Segundo fontes, essa discussão se dará quando o momento adequado acontecer. Atualmente, a empresa não tem necessidade de caixa, com endividamento inferior a uma vez a geração de caixa. As negociações entre Faria e a família Bethel aconteciam há cerca de um ano. Com 89 anos de idade, Orland Bethel preferiu dividir dinheiro entre seus herdeiros do que o legado e partiu em busca de um comprador. Apesar de ter havido muitas ofertas, houve uma identificação recíproca entre Bethel e Faria.
O empreendedor norte-americano se veria mais jovem no brasileiro, que teria dito ter encontrado um "pai" nos Estados Unidos. A ideia é que Bethel continue próximo à empresa. Em uma das maiores transações dos últimos anos de uma empresa brasileira comprando uma companhia nos Estados Unidos, a Global Eggs vai financiar a compra de 100% da Hillandale Farms, de US$ 1,1 bilhão, em uma estrutura que terá recursos próprios, dinheiro levantado no mercado norte-americano e capital de um fundo do BTG Pactual. O fundo do BTG pagou US$ 300 milhões por 11% da Global Eggs. Esse dinheiro vai direto para financiar a aquisição. O Rabobank, que assessorou o negócio junto com o BTG, fez uma operação de dívida nos Estados Unidos na empresa que está sendo comprada para levantar outra parcela do valor.
A aquisição ainda precisa ser aprovada pelo regulador de defesa da concorrência nos Estados Unidos, mas como o grupo brasileiro não tem ainda presença no mercado, não há concentração ou sobreposição de negócios. Por isso, foi pedido um processo mais rápido de avaliação e a visão é que o processo deve ser rápido, aprovado sem restrições. O fôlego do grupo para novas aquisições não para por aí. A Global Eggs pretende fazer novas compras, em outras geografias, se transformando cada vez mais em uma empresa global. A Global Eggs tem sede em Luxemburgo e é a holding que terá as demais companhias do grupo, que já fez uma aquisição na Espanha no ano passado, a Hevo, por 120 milhões de euros. No Brasil, antes da internacionalização, fez 11 aquisições. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.