27/Mar/2025
A JBS registrou lucro líquido de R$ 2,412 bilhões no quarto trimestre de 2024, salto de 2.806% em relação aos R$ 83 milhões reportados em igual período de 2023. A receita líquida cresceu 21,1% na mesma base de comparação, para R$ 116,7 bilhões. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado somou R$ 10,789 bilhões no trimestre, avanço de 111,4%, com margem de 9,2%, aumento de 3,9%. Entre as unidades de negócio, o Ebitda ajustado da JBS Beef reverteu o resultado negativo do quarto trimestre de 2023 e fechou positivo em R$ 647,1 milhões. A Seara registrou aumento de 292%, para R$ 2,6 bilhões, enquanto a JBS USA Pork avançou 64%, para R$ 1,6 bilhão. O Ebitda ajustado da JBS Brasil cresceu 54% no trimestre, chegando a R$ 1,4 bilhão, e o da Pilgrim's Pride subiu 72%, para R$ 3,8 bilhões. A única queda foi registrada na JBS Austrália, cujo Ebitda recuou 7%, totalizando R$ 819 milhões. A receita líquida da Seara atingiu R$ 13,3 bilhões no trimestre, um crescimento de 27% em relação a igual período do ano anterior, impulsionada pelo aumento dos preços e volumes.
No mercado doméstico, que representou 48% da receita da unidade, as vendas chegaram a R$ 6,3 bilhões, uma alta de 15% em relação ao quarto trimestre de 2023. A JBS Brasil registrou receita de R$ 20,3 bilhões no quarto trimestre, avanço de 36% na comparação anual. Segundo a empresa, o crescimento foi impulsionado tanto pelo aumento nos volumes vendidos quanto pelos preços. No mercado doméstico, a receita da categoria de carne bovina in natura avançou 21% no período. A dívida líquida da companhia somou R$ 84,07 bilhões no trimestre, aumento de 13,5% em relação aos R$ 74,058 bilhões reportados em igual período de 2023. Em dólares, no entanto, a dívida líquida recuou 11,2%, passando de US$ 15,297 bilhões para US$ 13,576 bilhões. A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, caiu significativamente, encerrando o trimestre em 2,15 vezes em reais e 1,89 vez em dólares, contra 4,32 vezes e 4,42 vezes, respectivamente, um ano antes.
O fluxo de caixa das atividades operacionais da JBS foi de R$ 10,6 bilhões no trimestre, enquanto o fluxo de caixa livre, após investimentos, juros e arrendamentos, ficou em R$ 5,3 bilhões. Os investimentos somaram R$ 2,9 bilhões no período. No acumulado de 2024, a JBS reverteu o prejuízo de R$ 1,1 bilhão registrado em 2023 e fechou o ano com lucro líquido de R$ 9,6 bilhões. A receita líquida no ano atingiu R$ 417 bilhões, um crescimento de 15% sobre 2023. O Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 39 bilhões em 2024, avanço de 128% em relação ao ano anterior, com margem de 9,4%, aumento de 4,7%. O CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, avaliou que a Seara pode repetir em 2025 os resultados alcançados no ano passado. A divisão teve a maior margem Ebitda entre as operações da companhia no quarto trimestre e em 2024, de 19,8% e 17,7%, respectivamente. A perspectiva foi apresentada durante entrevista para comentar o balanço do quarto trimestre do ano passado.
Para 2025, há desafios com o custo do milho, mas as melhorias operacionais da Seara continuarão gerando ganhos. A empresa ainda tem oportunidades para capturar eficiência. O custo esteve melhor no último trimestre. Apesar disso, a tendência para o custo dos grãos pode ser de redução ao longo do ano, caso não haja impactos climáticos severos. Se não tiver nenhum evento climático importante, o Brasil terá uma ótima safra de milho. Os resultados da Seara no quarto trimestre foram impulsionados pelos produtos natalinos, que possuem maior valor agregado, mas esse fator não foi determinante para o desempenho positivo da companhia. Os natalinos são um momento positivo para a indústria, com produtos como Fiesta e Tender. No entanto, esses itens têm uma importância relativa "dentro do mix da Seara”. A JBS vê um cenário positivo para a demanda global de proteínas em 2025. A oferta está muito equilibrada, o frango está com uma oferta bastante ajustada, e no suíno e no bovino também há uma demanda forte. A JBS reforçou a estratégia de investimentos em eventuais aquisições está na atuação em produtos de maior valor agregado e em seus principais mercados de atuação.
A empresa mantém o foco em valor agregado e expansão nas categorias estratégicas. Os Estados Unidos e o Brasil seguem como prioridades, com destaque para produtos de maior valor agregado e a expansão no frango. A companhia tem regras rígidas para evitar um endividamento excessivo. Além disso, dado o crescimento da JBS, o impacto sobre a alavancagem se dilui. O Ebitda cresceu tanto que, para sair de 1,89 para 2,89 vezes, teria que gastar US$ 7 bilhões sem trazer nenhum Ebitda para dentro. Os investimentos realizados ao longo dos anos pela JBS estão amadurecendo e vão continuar a impulsionar o crescimento das operações da Friboi e da Seara. No caso da Friboi, a expansão tem sido impulsionada pelo aumento do valor agregado dos produtos. A empresa tem feito um trabalho consistente de construção de marca e melhoria do nível de serviço no ponto de venda, o que permite uma maior valorização dos produtos. Na Seara, o crescimento reflete as expansões orgânicas e os investimentos na cadeia produtiva.
Esses volumes não entram de uma vez só, pois envolvem desenvolvimento de portfólio, treinamento de equipe e ajustes na cadeia produtiva. Sobre o ambiente de consumo, a empresa avalia que a demanda por proteína animal continua forte globalmente, apesar das incertezas macroeconômicas. No Brasil, a avaliação é de que o mercado está estável, e a estratégia da companhia tem sido agregar valor aos produtos, fortalecer marcas e, consequentemente, expandir margens. A JBS continua otimista com suas operações nos Estados Unidos, um dos seus mercados mais estratégicos, apesar das incertezas causadas pelas tensões comerciais em meio à política tarifária do presidente Donald Trump. Destaque para a importância da estratégia global da companhia nesses momentos mais desafiadores. A presença global ajuda a mitigar os riscos. Se um mercado enfrenta restrições de exportação, outro pode se beneficiar. Esse conjunto da plataforma reduz a volatilidade e serve como proteção para problemas comerciais ou de relações internacionais.
Isso garante maior resiliência diante das variações de cenário em cada região. Além disso, a companhia reconhece a instabilidade no comércio internacional, mas reforça sua confiança no mercado doméstico dos Estados Unidos. O grande foco da JBS nos Estados Unidos é o mercado interno. Em relação aos impactos de tarifas, apesar das incertezas, a empresa não espera grandes efeitos sobre o primeiro trimestre de 2025. Obviamente, no dia 2 de abril, será possível ter uma visão mais clara sobre o cenário. Agora, é impossível prever com certeza. A JBS abordou a estratégia de fusões e aquisições, destacando o processo contínuo de avaliação de oportunidades que agreguem valor ao negócio. A empresa foi construída por aquisições, então, está o tempo todo avaliando oportunidades que tenham alinhamento estratégico e que agreguem valor. Porém, o momento positivo para a indústria de proteína animal torna algumas negociações menos atrativas, o que provocou ajustes na estratégia recente da companhia, com entrada em mercados antes não explorados.
Obviamente, em ciclos de alta, a atratividade dos negócios tende a diminuir e, por isso, a companhia tem investido em greenfield, algo que não era parte da estratégia no passado. A maior parte da estratégia agora é nessa direção. O foco está na expansão em mercados chave como os Estados Unidos e o Brasil, com a inclusão de frango em sua estratégia. Além disso, a Europa também continua sendo uma área estratégica para a companhia. A disciplina financeira e o alinhamento são aspectos fundamentais em todas as aquisições realizadas pela JBS. Segundo o Citi, mesmo com um ajuste necessário no 4º trimestre de 2024 para itens não recorrentes, a JBS apresentou um desempenho ‘estelar’ em 2024, marcado por um Ebitda excepcional de R$ 39 bilhões, quase dobrando as expectativas iniciais do mercado. Com uma alavancagem de balanço simplificada em 1,9x em dólar ante 4,8x ano passado, a JBS declarou um dividendo adicional de R$ 4,4 bilhões (R$ 2,00 por ação), elevando o pagamento total para R$ 11 bilhões (R$ 5,00 por ação), representando um rendimento de dividendos de 12%.
A perspectiva para 2025 permanece sólida com desempenhos resilientes de divisões como Seara e Pilgrim's Pride, em meio a ventos contrários do mercado e o potencial atraente de uma listagem nos Estados Unidos. Desde a divulgação do acordo com o BNDES, as ações subiram 25%, e o múltiplo EV/Ebitda expandiu de 4x para 4,7x, ainda bem abaixo dos 8,3x da Tyson Foods. Embora 2025 possa não apresentar as mesmas revisões sequenciais de lucros vistas no ano passado, a listagem antecipada nos Estados Unidos é o principal catalisador para uma reclassificação significativa. A Seara pode ver estabilidade de margem no futuro, já que a produção de aves parece limitada, compensando o ambiente difícil para a carne bovina dos Estados Unidos, que deve continuar no futuro. A previsão é de tendências positivas na Pilgrim's Pride, carne suína dos Estados Unidos e nas operações da Austrália como beneficiárias da desaceleração do ciclo do gado dos Estados Unidos no futuro. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.