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27/Mar/2025

Ovos: custo de produção elevado impacta produtor

O ovo, um dos alimentos mais consumidos no Brasil, tem registrado altas consecutivas, atingindo recordes em várias regiões do País. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em fevereiro, os ovos brancos chegaram a R$ 201,77 por caixa de 30 dúzias em Bastos (SP) e a R$ 220,22 por caixa de 30 dúzias em Santa Maria de Jetibá (ES), com altas de 19,1% e 33,1%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano passado. Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), a maior central de abastecimento da América do Sul, no fechamento de fevereiro, os ovos vermelhos foram comercializados a R$ 9,55 por dúzia, em média, com variação de 23,8% nos últimos 12 meses. Enquanto os ovos brancos eram negociados a R$ 8,37 por dúzia, alta de 24,5% em um ano. Quem olha apenas uma ponta da cadeia pode imaginar que o produtor está registrando lucro, mas, apesar da alta dos ovos, os insumos para ração também subiram.

O milho avançou 17% em fevereiro deste ano, negociado a R$ 87,00 por saca de 60 Kg e o avicultor já vem de um ano de margens apertadas. Em 2024, os preços dos ovos caíram por seis meses consecutivos. Na maior parte do ano, o poder de compra foi negativo para o produtor. Além do maior custo com insumos para ração, o avicultor teve outros aumentos de custos. Mas, também em fevereiro, a relação de troca entre ovos e milho foi a mais favorável para os produtores de ovos brancos tipo extra nos últimos nove meses, permitindo um aumento de 32% na quantidade de milho adquirida com a venda de 1 caixa de 30 dúzias de ovos. No caso do farelo de soja, a relação de troca atingiu um recorde histórico, permitindo que os produtores comprassem 44,7% mais farelo com a venda de ovos em comparação a janeiro. Segundo a Associação Paulista de Avicultura (APA), os produtores tiveram perdas em 2023 e no início de 2024 com o milho ao redor de R$ 50,00 por saca de 60 Kg, mas começaram a ter margem, mesmo com o milho em cerca de R$ 95,00 por saca de 60 Kg.

Isso mostra que o comportamento dos preços nem sempre está diretamente ligado aos custos, o que realmente influencia é a oferta e demanda. De fato, o custo de produção, especialmente com milho e soja para ração, é um fator crítico. No entanto, a valorização dos ovos e a crescente demanda estão tornando a atividade mais rentável após anos de crise no setor. Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou a alta no preço dos ovos ao consumidor. Três fatores contribuíram para esse cenário: o descarte de aves mais velhas, o impacto da onda de calor na produção e o aumento dos custos de insumos, como milho e farelo de soja. Com a volta às aulas em fevereiro, a demanda subiu, intensificando a valorização dos ovos entre janeiro e fevereiro. Além disso, o alto preço das carnes bovina, suína e de frango tem levado a população a consumir mais ovos, elevando ainda mais a demanda.

Em 2024, a produção de ovos de galinha atingiu um recorde de 4,67 bilhões de dúzias, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, a demanda aquecida no início de 2025 encontrou baixa oferta, reflexo das altas temperaturas que afetaram a produtividade das granjas. No Espírito Santo, terceiro maior produtor nacional de ovos para consumo, estima-se uma queda de 5% na produtividade. Segundo a Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo, o calor reduz a postura e compromete a qualidade da casca, que fica mais frágil, com maior risco de trincar. Além disso, a galinha demora mais para pôr ovos. Todos esses fatores contribuem para afetar a oferta de ovos no mercado. No último mês, as exportações brasileiras de ovos cresceram 57,5%, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O aumento foi impulsionado por Japão e Estados Unidos, que elevaram as importações em 111,3% e 93,4%, respectivamente. Desde 2022, os norte-americanos enfrentam um surto de H5N1, a gripe aviária, que afeta a produção no país. Mas, a ABPA descarta a relação entre exportações e a alta dos preços internos. Apesar do crescimento de 38% nos embarques em volume, as exportações seguem abaixo de 1% da produção nacional. Para efeito comparativo, o Brasil deve produzir 3,6 milhões de toneladas e exportar 35 mil toneladas de ovos em 2025. A expectativa é de que os preços dos ovos devam se acomodar após a Páscoa, quando a Quaresma, período de maior consumo, chega ao fim. A tendência não é que esse preço se mantenha em R$ 210,00 por caixa de 30 dúzias ao longo do ano. Com a chegada do outono, a normalização das temperaturas e o aumento na oferta de aves poedeiras podem estabilizar a produção e reduzir a pressão sobre os preços. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.