26/Mar/2025
Segundo a Universidade de São Paulo (USP), a pecuária na Região Nordeste e na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) tem grande potencial, mas enfrenta desafios estruturais que comprometem sua produtividade. O Nordeste é uma região extremamente interessante, mas possui um relevo complicado. É preciso otimizar a produtividade dos rebanhos, investindo em melhores pastagens, suplementação e assistência técnica. Comparando a situação com o Paraná, algumas áreas atingem produções de até 60 litros de leite por vaca ao dia, enquanto o norte de Minas de Gerais e o Nordeste ainda estão distantes desse patamar. O tamanho do rebanho bovino da Região Nordeste tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do segundo trimestre de 2024, o rebanho bovino na região atingiu 28,482 milhões de animais, o que representa um aumento de 30% nos últimos cinco anos, superando o plantel da Região Sul do País. A Bahia é o Estado líder na Região Nordeste, com um rebanho de 13.180.904 cabeças, consolidando sua posição como o sétimo maior produtor de bovinos do Brasil e o maior da região. Esse crescimento é impulsionado pela modernização da pecuária, incluindo a intensificação da produção, o uso de suplementação alimentar e melhorias no manejo genético. Entretanto, a falta de políticas públicas voltadas à capacitação de produtores e à infraestrutura hídrica ainda são gargalos que limitam o avanço sustentável da pecuária na Região Nordeste. A ausência de investimentos em tecnologia é um entrave ao desenvolvimento.
Os governos não dão a devida importância à tecnologia, o que impede melhorias na qualidade de vida e na renda da população local. Um maior envolvimento da indústria pode melhorar a qualidade das pastagens e a captação de água, com destaque para a palma forrageira como um recurso subutilizado que poderia trazer grandes benefícios. Além disso, a assistência técnica para os pecuaristas precisa ser reforçada. Em décadas passadas, o Brasil possuía serviços estruturados de assistência técnica rural, fundamentais para a modernização da agropecuária. No entanto, a redução desse suporte tem comprometido o acesso dos pequenos e médios pecuaristas a práticas mais eficientes de manejo e nutrição animal. As raças zebuínas são amplamente utilizadas na Região Nordeste devido à sua adaptação ao clima tropical e seco da região.
É praticamente impossível uma raça não zebuína prosperar na região sem um sistema de confinamento adequado. A escolha da raça adequada depende de fatores como disponibilidade de alimentação, manejo e objetivo de produção. Enquanto o Sindi e o Guzerá são indicados para sistemas de produção de leite em condições adversas, o Nelore é amplamente utilizado na pecuária de corte, devido ao seu rápido ganho de peso e resistência ao calor. Sobre a região de Matopiba, se trata de um dos principais polos de crescimento da agropecuária no Brasil. A agricultura entrou com alta tecnologia, e pode ocorrer o mesmo fenômeno de Mato Grosso: a tecnologia da agricultura impulsionando a pecuária, elevando a produtividade e o nível tecnológico das criações. A modernização do setor pode transformar a região em referência nacional.
Além disso, a intensificação da pecuária no Matopiba deve ser acompanhada por boas práticas ambientais e sociais, garantindo a sustentabilidade da atividade no longo prazo. A expansão agrícola na região trouxe desafios como a degradação de pastagens e a necessidade de um melhor planejamento no uso dos recursos hídricos. O melhoramento genético tem sido um dos grandes diferenciais da pecuária brasileira nas últimas décadas. A seleção de bovinos mais produtivos e resistentes impacta diretamente na eficiência do setor. Os criadores estão cada vez mais atentos ao valor genético. Esse avanço é essencial para alcançarmos maior eficiência produtiva e qualidade da carne e do leite. A adoção da genômica, que permite identificar precocemente características desejáveis nos bovinos, tem acelerado esse processo. A pecuária brasileira já adota programas de melhoramento genético para identificar reprodutores com alto desempenho em conversão alimentar, ganho de peso e resistência a doenças.
Essa evolução tem permitido reduzir a idade de abate e melhorar a qualidade da carne produzida. Destaque para a importância do uso de sistemas de criação que oferecem sombreamento para os animais, como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e o sistema silvipastoril. Esses modelos garantem maior conforto térmico ao gado, reduzindo o estresse calórico e melhorando o desempenho produtivo. O bem-estar animal influencia diretamente na conversão alimentar e no ganho de peso. O gado que tem acesso a sombra naturalmente apresenta melhor rendimento. Além dos benefícios produtivos, a presença de árvores nos pastos contribui para a conservação do solo, reduz a temperatura ambiente e melhora a retenção de umidade no solo, fatores essenciais para regiões áridas como o Nordeste. Esse tipo de manejo vem ganhando espaço entre pecuaristas que buscam melhorar a sustentabilidade e a eficiência de seus sistemas produtivos. Fonte: Movimento Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.