24/Mar/2025
O setor produtivo do agronegócio aguarda com otimismo a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Japão e ao Vietnã, nesta semana. A expectativa do setor e do governo é que a visita do chefe de Estado destrave negociações antigas para comercialização da carne bovina brasileira nestes países. Ambas as tratativas são consideradas encerradas do ponto de vista técnico, faltando apenas o anúncio político. O primeiro destino do presidente é o Japão. Lula e a comitiva presidencial, que deve contar com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, realizarão visita ao Japão nos dias 25 e 26 de março. No país, ele se encontrará com o imperador do Japão, Naruhito, e pela imperatriz Masako no Palácio Imperial. Em 2025, Brasil e Japão celebram 130 anos de relações diplomáticas. Na sequência, o presidente partirá para o Vietnã, onde tem agendas bilaterais nos dias 27 e 28 de março.
Em relação ao Japão, o próprio presidente Lula confirmou a expectativa de abrir o mercado japonês para a proteína brasileira. O acesso ao mercado japonês é uma ambição antiga da indústria de carnes brasileira, já que o país asiático é reconhecido pela elevada exigência de qualidade, pelo consumo de cortes de maior valor agregado e por ser um mercado com preços remuneradores. O processo foi acelerado no ano passado quando uma comitiva de parlamentares e de técnicos do governo do Japão visitou o Brasil para avaliar frigoríficos de carne bovina em duas ocasiões diferentes, a mais recente foi em outubro com a visita do ministro da Agricultura japonês. Na avaliação do governo, um dos principais entraves para a abertura, o risco alegado pelo Japão de febre aftosa no Brasil está praticamente superado com o elevado status sanitário reconhecido da proteína nacional.
Segundo o secretário Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, o novo ministro da Agricultura esteve no Brasil e entendeu que essa importação pode ser complementar ao fornecimento de carne bovina ao mercado japonês e que não tende a competir com o produtor japonês ou até mesmo com outros países produtores que exportam carne para o país. Isso, naturalmente, abre espaço para que se possa avançar. Há algumas questões técnicas que ainda vão ser dirimidas e alguns componentes políticos, mas há espaço para rápido avanço no diálogo, avaliou. Recentemente, o Japão abriu seu mercado para farelo de mandioca, feno, polpa cítrica desidratada, flor seca de cravo-da-índia, folha seca de erva-mate, fruto seco de macadâmia e caranguejo ornamental do Brasil. Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,308 bilhões em produtos agropecuários para o Japão, sobretudo de carne de frango, café verde em grão, milho carne suína e soja em grãos.
Tanto Japão quanto Vietnã estão entre as prioridades da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) para este ano. A expectativa é de que as duas aberturas devem se concretizar no curto prazo, na visita do presidente Lula. O novo ministro da Agricultura, Florestas e Pescas do Japão, Taku Eto, deu bons sinais sobre isso. Nunca esteve tão perto de ser concretizado, avalia a entidade. A Abiec fez visitas precursoras juntamente com comitiva de empresários ao longo de fevereiro a ambos os países a fim de pavimentar as tratativas e pleitear o avanço nas negociações para o aceite sanitário da proteína brasileira. As negociações com o Vietnã também estão na reta final e a expectativa é de boas notícias nos próximos meses. O otimismo tanto do setor produtivo quanto do governo brasileiro se repete em relação ao Vietnã. O último impasse da abertura do mercado vietnamita para a carne bovina brasileira era o pedido de uma contrapartida de investimento brasileiro no país.
Uma gigante do setor se comprometeu em ampliar o investimento na produção de couro no Vietnã, a fim de tornar viável também a exportação de sua produção de carne bovina ao mercado vietnamita. A perspectiva foi reforçada após outras aberturas do Vietnã para produtos brasileiros. Em fevereiro deste ano, o país asiático autorizou a entrada de miúdos de frango do Brasil. Em janeiro, liberou a importação de pet food, couro brasileiro sem a exigência de Certificado Sanitário Internacional (CSI) e para peles salgadas de bovinos do Brasil. A exportação de produtos agropecuários brasileiros ao Vietnã somou US$ 3,913 bilhões no ano passado, com destaque para embarques de milho e algodão. A visita presidencial de Lula aos países pode contribuir no resultado das negociações. A presença do presidente Lula gera uma expectativa importante de aval político para os anúncios. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.