21/Mar/2025
A Minerva Foods registrou prejuízo líquido de R$ 1,567 bilhão no quarto trimestre de 2024, uma reversão do lucro de R$ 19,8 milhões contabilizado em igual período de 2023. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 943,7 milhões no trimestre encerrado em dezembro, 55,8% acima dos R$ 605,9 milhões apurados no quarto trimestre de 2023. A empresa destacou que o valor foi recorde para um trimestre. A margem Ebitda ficou em 8,8%, ante 9,8% no quarto trimestre de 2023. A receita líquida no período de outubro a dezembro somou R$ 10,714 bilhões, alta de 73,8% em comparação ao período correspondente de 2023 (R$ 6,166 bilhões) e recorde para um trimestre. A receita bruta da companhia somou R$ 11,443 bilhões no quarto trimestre, alta de 75,8% na comparação anual. A receita bruta com o mercado externo atingiu R$ 6,102 bilhões, alta de 39,4% ante igual intervalo de 2023.
Já no mercado interno atingiu R$ 5,341 bilhões, avanço anual de 150,3%, impulsionado pelo efeito sazonal do final do ano e pelo fortalecimento das marcas da empresa no Brasil. A Minerva contabilizou 409,6 mil toneladas de carne vendidas no quarto trimestre, 15,6% acima do igual período do ano passado. O abate total, de 1,186 milhão de animais, cresceu 10,0% na comparação anual. O índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) ficou em 3,7 vezes, superior a um ano antes, quando foi de 2,8 vezes. A empresa destacou que o resultado foi alcançado após o desembolso relativo à aquisição dos ativos da Marfrig na América do Sul. O fluxo de caixa livre do quarto trimestre foi de R$ 990 milhões. Um dos principais marcos do trimestre foi a conclusão da aquisição de 13 plantas industriais e um centro de distribuição localizados no Brasil, Argentina e Chile.
Isso elevou a capacidade diária de abate da empresa para 41.789 cabeças de gado e 25.716 ovinos. Com essa expansão, a Minerva agora opera 46 unidades industriais. A aquisição representa uma oportunidade estratégica única para empresa expandir a presença e reforçar o protagonismo no setor, aproveitando sinergias operacionais e comerciais que trarão ganhos de escala e maior eficiência. Em seu balanço, a Minerva também reportou prejuízo líquido de R$ 1,564 bilhão, ante lucro de R$ 395 milhões em 2023. O Ebitda do ano passado foi de R$ 3,130 bilhões, com crescimento de 22,1%. Já a receita líquida avançou 26,7%, para R$ 34,069 bilhões. A Minerva Foods encerrou o quarto trimestre de 2024 com um índice de alavancagem de 3,7 vezes. O índice representa aumento, em relação ao nível do trimestre anterior, de 2,6 vezes, e foi impulsionado pelo pagamento da aquisição de novos ativos.
No entanto, a empresa projeta uma trajetória de redução da dívida nos próximos trimestres, a partir da integração das plantas adquiridas da Marfrig. O aumento da alavancagem era esperado. Até o momento, a Minerva já desembolsou R$ 7,2 bilhões para a operação de aquisição de ativos da Marfrig. Desde o anúncio da aquisição, era sabido que haveria um incremento no nível de alavancagem como efeito inicial do processo de consolidação. A estratégia da companhia agora é focar na otimização dos novos ativos. À medida que avança na operação, acelerando volume e receita, capturando sinergias e maximizando a geração de caixa, esses recursos serão utilizados para reduzir a dívida e alavancagem. A Minerva, assim, reforça o compromisso com uma trajetória consistente de desalavancagem e redução do endividamento ao longo deste ano e do próximo.
Uma das plantas adquiridas pela companhia da Marfrig, localizada em Mato Grosso, ainda não entrou em operação por questões estruturais. Essa planta foi recebida em condições operacionais não adequadas aos padrões da Minerva. É preciso realizar investimentos em capex, então ainda levará algum tempo. O ramp-up das demais unidades prossegue conforme o esperado, com os ativos operando entre 65% e 70% da capacidade. A integração dos ativos foi planejada com antecedência, permitindo uma rápida adoção de medidas para otimizar o capital de giro. O plano de integração e início das operações estava pronto praticamente seis meses após a aquisição. Desde fevereiro ou março do ano passado, a empresa já tinha tudo estruturado, tanto do ponto de vista operacional quanto financeiro. A Minerva estima que poderá gerar entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões de caixa livre em 2025, com a maior parte desse montante sendo utilizada para reduzir o endividamento.
Apesar das projeções, a empresa não divulga guidance e mantém um alto grau de incerteza para 2025. A empresa tem avançado na integração dos novos ativos adquiridos da Marfrig e já vê impacto positivo na receita. A aceleração das operações levou a uma receita trimestral entre R$ 12 bilhões e R$ 14 bilhões no início de 2024. Se anualizar isso, chega em um número entre R$ 50, 56, 58 bilhões. Em relação à rentabilidade, a empresa projeta margens entre 8% e 9% para este ano, em linha com o observado no quarto trimestre de 2024. O Ebitda, assim, poderia ser estimado para 2025 entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. A companhia também prevê um aumento no capex por causa da manutenção e ajustes estruturais nas novas plantas adquiridas. O capex de manutenção dessas plantas é muito parecido com o do Minerva antigo.
Talvez haja algum capex adicional por conta de atrasos para estrutura das plantas recebidas. O valor total pode dobrar em relação ao ano anterior, chegando a cerca de R$ 1 bilhão. Outro ponto destacado foi a eficiência no gerenciamento do capital de giro, com uma necessidade líquida estimada entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões ao longo do ano. A despesa financeira líquida deve ficar em torno de R$ 2 bilhões, considerando o nível atual de endividamento. Para reduzir sua alavancagem, a Minerva tem adotado estratégias como a recompra de bonds com vencimento em 2031. A empresa já recomprou quase US$ 50 milhões com desconto de 13%. A operação permite reduzir tanto a dívida bruta quanto a líquida, ao cancelar os títulos pelo valor de face, mas pagando abaixo desse patamar no mercado secundário. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.