20/Mar/2025
No campo, cada detalhe faz a diferença para reduzir as perdas, aumentar a produtividade e a rentabilidade. Com olhar voltado para o futuro, a Universidade de Passo Fundo (UPF) prepara-se para utilizar a inteligência artificial como ferramenta estratégica em uma pesquisa inovadora. A iniciativa pioneira foi contemplada com R$ 2 milhões em recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para a montagem do laboratório multidisciplinar que vai utilizar algoritmos combinados com tecnologia para diagnósticos antecipados da saúde das vacas, por meio da coleta de amostras de leite. O leite é um fluido orgânico, a exemplo do sangue que é utilizado para apurar doenças através da análise de laboratório. Serão analisados inclusive parâmetros que não são muito frequentes e solicitações por parte dos produtores. As novas avaliações têm potencial de identificar problemas nas fêmeas leiteiras, principalmente aqueles relacionados ao metabolismo e, às condições nutricionais, além das doenças infecciosas. É um primeiro passo desafiador.
Será preciso amostras individuais por vaca e atualmente o controle leiteiro no Brasil não é realizado de uma forma tão intensa e corriqueira como em outros países. Isso já é comum no Canadá, Estados Unidos e alguns países da Europa. Na Holanda, uma vez por mês, os produtores coletam o leite das vacas em ordenha para esse tipo de análise, tendo informações individuais de cada exemplar. Então consegue-se, por vezes, até antever um problema sanitário prestes a ocorrer. Com o projeto, se quer ir além, inclusive, com um prognóstico de uma doença subclínica nas fêmeas em virtude de indicadores já existentes. A intenção é mostrar problemas que irão resultar em perdas. Seja de bem-estar, produtiva ou de qualidade do leite. As variações do clima e do solo em que o alimento foi cultivado (para as vacas leiteiras) são alterações que também podem trazer comprometimentos para a produtividade, a qualidade e a saúde. Por isso, será criado um banco de dados municiado com as mais diferentes informações. É aí que entra a inteligência artificial, avaliando estatisticamente um problema que será determinado.
O objetivo final do projeto é bem audacioso se a cadeia láctea se somar a ideia, que é fazer com que o Rio Grande do Sul seja positivamente diferenciado no setor, tornando o leite local conhecido como o melhor em termos de qualidade, produção e rentabilidade do Brasil. Para isso, a intenção é criar uma ferramenta em que todos os atores do sistema produtivo gaúcho possam ter acesso, tanto o produtor, quanto os técnicos e a indústria. Nessa direção, será criada uma inteligência artificial específica para o projeto. As equipes de trabalho já estão formadas e a iniciativa aguarda apenas a licitação para a aquisição de equipamentos de alto valor. O projeto em si tem um orçamento de R$ 5 milhões, mas com os recursos da Finep já é possível iniciá-lo. A expectativa é de que as primeiras conclusões e resultados do projeto sejam apurados no período de dois a cinco anos. Vai depender muito da aderência da cadeia láctea porque não é possível produzir informação sem dados, análise de leite. E não é avaliação do tanque refrigerador do leite, embora esse também seja importante, mas não mais do que as análises individuais.
Quanto mais propriedades leiteiras participarem, mais robusto será o banco de dados e mais assertiva será a inteligência artificial. É preciso rebanhos distribuídos em diversas regiões do Rio Grande do Sul. Existem muitas diferenças edafoclimáticas (de clima e solo) que compreendem desde a temperatura, o índice pluviométrico, o solo, as plantas. As condições particulares de uma determinada região ou microrregião influenciam o leite. O conjunto de informações do banco de dados e suas correlações poderá auxiliar na tomada de decisões do produtor rural para entregar um leite ainda melhor. O setor produtivo do leite é muito importante para as economias locais e do estado do Rio Grande do Sul. Chama atenção o fato de o leite do Estado possuir qualidade e sua produção seguir uma série de legislações rígidas, estabelecidas por órgãos federais, estaduais e municipais. A ideia é torná-lo ainda melhor. Tudo evolui e o produtor não pode ficar obsoleto no uso de tecnologia pois isso pode refletir diretamente na sua receita e ganho. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.