19/Mar/2025
O Bradesco BBI avaliou que a JBS deu um passo significativo para a listagem nos Estados Unidos com o acordo fechado entre sua controladora, a J&F, e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seu maior acionista minoritário, detentor de 20,8% do capital. O banco estatal se comprometeu a se abster de votar na Assembleia de Acionistas sobre a proposta de dupla listagem da companhia, em troca de uma proteção parcial contra uma possível desvalorização das ações após a operação. Pelo acordo, caso a listagem ocorra até 31 de dezembro de 2026 e o preço dos papéis da JBS não atinja um valor mínimo não divulgado, a J&F pagará ao BNDES uma remuneração de até R$ 500 milhões. Com isso, a decisão sobre a listagem ficará exclusivamente nas mãos dos acionistas privados minoritários.
O acerto elimina dois riscos importantes: o risco de que o BNDES tentasse barrar a listagem, como fez em 2016; a possibilidade de que o banco estatal se desfizesse de sua participação antes da operação, pressionando negativamente as ações. O processo ainda depende da aprovação da SEC, a CVM dos Estados Unidos, mas a listagem pode ocorrer mais cedo do que o esperado. A expectativa do mercado é que a operação reduza a diferença de valuation entre a JBS e suas concorrentes norte-americanas. Atualmente, a companhia negocia a um múltiplo EV/Ebitda de 4,9 vezes para 2025 (US GAAP), enquanto sua subsidiária Pilgrim’s Pride (PPC) opera a 6,1 vezes e a Tyson Foods, a 8,4 vezes. Caso a JBS alcance múltiplos semelhantes, o potencial de valorização das ações pode variar entre 50% e 149%.
O Bradesco BBI mantém recomendação “outperform” (semelhante à compra) para a JBS, com preço-alvo de R$ 48,00. O Banco Santander avaliou que a listagem da ação da JBS nos Estados Unidos pode ser transformadora para a companhia, ao proporcionar acesso a novos recursos e maior flexibilidade na estrutura acionária. O banco reiterou sua recomendação "outperform", semelhante à compra, para os papéis da JBS, com preço-alvo de R$ 53,00. A estrutura proposta pela JBS inclui a criação de duas classes de ações: as de Classe A, listadas na Bolsa de Nova York e na B3 via BDRs, com direito a um voto cada, e as de Classe B, com direito a dez votos por ação. No modelo inicial, os controladores deteriam 45% de suas ações na Classe A e 55% na Classe B, elevando seu poder de voto de 48% para 85%, com possibilidade de conversão para até 91%.
A estrutura diferenciada de voto permitiria à JBS levantar capital sem diluir significativamente a participação dos controladores. Em um cenário teórico, a companhia poderia captar até US$ 59 bilhões com a venda de ações Classe A, um valor 4,6 vezes superior à sua atual capitalização de mercado. No entanto, a reavaliação da JBS no mercado pode não ser tão simples quanto uma comparação direta com a Tyson Foods, que atualmente negocia a 8,5 vezes o valor da companhia (EV)/Ebitda. A valorização da Tyson ocorreu após a aquisição da Hillshire em 2014, ampliando sua presença no segmento de alimentos processados. A Hormel, empresa norte-americana focada nesse segmento, negocia a múltiplos ainda mais altos, de 13x EV/Ebitda. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.