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01/Out/2019

Boi: demanda por produto de qualidade superior

A produção de bezerros deu um salto de produtividade nos últimos 19 anos no Brasil e segue embalada na esteira de um novo perfil de mercado interno para a carne bovina. No ano 2000, a cria brasileira gerava 45 bezerros de 170 Kg de peso médio a partir de 100 vacas, que ocupavam 250 hectares. Hoje são obtidos 65 bezerros de 200 Kg de 100 reprodutoras que, por sua vez, ocupam uma área média de 140 hectares. No 4º Simpósio Internacional de Reprodução, Produção e Nutrição de Bovinos (Repronutri 2019), encerrado na sexta-feira (27/09), foi constatado que a evolução da genética mudou a reprodução na bovinocultura de corte, atendendo a uma demanda cada vez maior por carne de qualidade. Em São Paulo, por exemplo, quem está viabilizando o bezerro é o mercado de cortes nobres e é cada vez maior o número de butiques de carne pelas cidades. Esta nova tendência vai ao encontro de comportamentos de mercado adotados por gigantes do setor de proteína.

Em setembro, por exemplo, a JBS (que obtém 51% de seu faturamento no mercado norte-americano) reuniu mais de 100 investidores e empresários em Nova York (EUA) para anunciar que neste ano voltou seu foco totalmente para a produção gourmet, dando prioridade a marcas e valor agregado. Para De Zen, a sorte de quem ainda produz o que ele chama de "boi comum" (commodity) são algumas demandas de clientes do Brasil no exterior. O consumidor interno e externo está cada vez mais seletivo. Porém, a China, que hoje é um dos maiores clientes, normalmente compra produtos de alta qualidade, mas também adquire produto de qualidade inferior. A tecnificação exigida para se produzir um bezerro que vai gerar um boi de qualidade também está ajudando a fixar o criador na atividade. Quem sai da cria e tenta voltar hoje vai levar pelo menos cinco anos para engrenar. Segundo a Universidade do Nebraska (EUA), é importante ressaltar o surgimento de novas demandas. Porém, muitos desses ajustes de hábitos alimentares estão colocando sob suspeita a bovinocultura de corte, sobretudo com a chegada de novas alternativas em proteína, como os hambúrgueres veganos, por exemplo.

A mudança no perfil do consumidor é uma tendência mundial e a pecuária precisa responder bem a isso. Os novos hábitos alimentares vêm de minorias, mas a cadeia industrial está se adaptando ao que o consumidor pede. Este novo momento é identificado por estudos científicos. Até então, o consumidor vinha procurando por três coisas: sabor, preço e conveniência. Pesquisas recentes feitas nos Estados Unidos revelam, no entanto, que as preocupações atuais são sobre segurança, saúde, impacto social, experiência e bem-estar animal. A expectativa é de que a chegada de novos modelos de proteína no mercado internacional funcione como estímulo e alerta. A pecuária tem de encontrar a forma definitiva para se comunicar com a sociedade. É hora de se promover o benefício nutricional da carne bovina, a importância dela como parte da dieta e relatar o real impacto ambiental de sua produção. O Repronutri 2019 reuniu 905 inscritos e participantes do Brasil e das Américas do Sul e do Norte. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.