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18/Mar/2025

Boi: obstáculos para exportação de carne ao Japão

Objetivo declarado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o aval para a exportação de carne bovina do Brasil para o Japão, pode esbarrar em dois obstáculos: a necessidade de uma inspeção prévia em frigoríficos brasileiros e a relação política entre Japão e Estados Unidos, no momento em que o presidente Donald Trump faz ameaças comerciais e tarifárias em série. A abertura do mercado japonês de carne bovina aos produtores do Brasil será uma decisão política. Diplomatas que acompanham o tema reconhecem que o aval do governo japonês depende de uma missão técnica para avaliações sanitárias a ser realizada no País, ainda sem data, e pode ser afetada pelo contexto de pressão exercida por Donald Trump, inclusive sobre aliados.

Atualmente, o mercado de carne bovina japonês é dependente de importação (70%) e favorece dois aliados geopolíticos próximos do Japão na rivalidade com a China. Estados Unidos e Austrália suprem 80% da carne importada pelo Japão. Assim, uma eventual entrada dos produtos brasileiros no mercado japonês, que demanda cerca de 700 mil toneladas por ano, potencialmente aumentaria a competição e poderia reduzir o mercado de pecuaristas norte-americanos e australianos. Empresas brasileiras, como as gigantes Minerva e JBS, são donas de frigoríficos nesses países e exportam de lá, mas não do País. A JBS deve ser uma das exportadoras de proteína animal a compor a comitiva do setor privado que viaja com o presidente Lula a Tóquio, entre 24 e 27 deste mês. Já os riscos para os pecuaristas japoneses são baixos. O perfil do produtor nipônico é de alto nicho.

O ingresso do Brasil faz sentido por beneficiar os consumidores japoneses, no momento de alta do preço da carne norte-americana, relacionada a uma escassez de gado. O Brasil pretende entrar no Japão com produtos de proteína bovina similares ao perfil do que exporta para a China: a “carne ingrediente”, usada na indústria alimentícia para produção de molhos e hambúrguer, por exemplo. O Japão tem reconhecidamente um mercado exigente e que remunera bem aos produtores, com demanda de cortes premium, como a carne nobre de wagyu, um tipo de gado de corte de raças japonesas. Embaixadores brasileiros têm sido cautelosos, apesar de avaliarem que a condição sanitária alcançada no ano passado deveria habilitar o País a ter acesso ao mercado japonês. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.