14/Mar/2025
Segundo o Rabobank, o mercado global de lácteos está preparado para um crescimento moderado em 2025, impulsionado por uma expansão estável da oferta e pela demanda de exportação. No entanto, como essa taxa de crescimento lenta não deve levar a um grande aumento nos estoques ou a um excesso de oferta, os preços globais dos laticínios devem permanecer elevados. Como resultado, o Rabobank revisou sua previsão para o preço do leite, aumentando-o em 30 centavos, para NZ$ 10,00 (US$ 5,70) por quilo de sólidos do leite, equivalente a NZ$ 0,83 (US$ 0,47) por quilo de leite, na temporada leiteira da Nova Zelândia 2024/2025. No relatório "Crescimento modesto em meio a mudanças no comércio", referente ao primeiro trimestre, o Rabobank prevê que a produção de leite nas sete principais regiões exportadoras (Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Uruguai, Brasil, União Europeia e Estados Unidos) crescerá 0,8% em relação ao ano anterior, com um aumento semelhante na primeira metade de 2026.
Essa previsão se deve, em grande parte, à recuperação do crescimento da produção na União Europeia, que tem alternado entre expansão e retração nos últimos trimestres, e nos Estados Unidos, onde os ganhos anuais típicos de mais de 1% estagnaram nos últimos anos. A expansão da oferta nos Estados Unidos está prevista para 2025, mas deve ser modesta, ficando abaixo de 1%. A Oceania e a América do Sul também devem registrar aumentos na produção, principalmente devido às quedas ocorridas no ano anterior, que tornam mais fácil a recuperação dos volumes. A produção total das sete principais regiões exportadoras deverá alcançar 325,8 milhões de toneladas em 2025, contra 323,2 milhões de toneladas no ano anterior. O crescimento da oferta global será mais forte na segunda metade de 2025. O ano começará com ganhos mais lentos na produção, estimados em 0,5% no primeiro trimestre, o que ajudará a manter os preços das commodities firmes. A previsão é de um aumento mais acentuado de 0,9% ano a ano na segunda metade de 2025, ultrapassando o pico anterior da produção global de leite de 323,7 milhões de toneladas, registrado em 2021.
Fora das sete principais regiões exportadoras, a China segue um caminho diferente, com uma queda na produção de leite prevista para os próximos meses. A produção chinesa caiu em 2024 após vários anos consecutivos de forte expansão, rompendo uma tendência de crescimento. A redução do rebanho e a queda mais acentuada do que o esperado no último trimestre de 2024 levaram o RaboResearch a reduzir sua previsão para a produção chinesa em 2025, agora estimada em queda de 2,6% em relação ao ano anterior, marcando o segundo ano consecutivo de retração. Os preços do leite no mercado chinês caíram 15% em fevereiro de 2025 (em dólares norte-americanos), desencorajando os produtores a expandirem a produção no curto prazo. O relatório prevê que a demanda chinesa por laticínios melhore em 2025, mas a um ritmo mais lento, refletindo os desafios da economia doméstica. As importações também devem melhorar em relação ao volume fraco registrado em 2024. Durante anos, o mundo olhou para a China como um termômetro da demanda global, mas, à medida que o país aumentou sua autossuficiência no setor de laticínios nos primeiros anos desta década, o recorde de importação de 2021 tornou-se uma memória distante.
Apesar da redução da participação da China no mercado global, a demanda em outras regiões-chave permanece forte. As exportações de queijo dos Estados Unidos atingiram um recorde em 2024 e continuam apresentando sinais positivos para este ano. A Nova Zelândia também encontrou compradores para seu leite adicional, o que tem sustentado um preço recorde do leite. Entretanto, desafios potenciais podem afetar esse cenário, principalmente no que diz respeito a barreiras comerciais. Com os Estados Unidos adotando uma nova abordagem para o comércio sob a liderança republicana de Donald Trump, existe o risco de novas tarifas e possíveis retaliações de parceiros comerciais, o que poderia impactar negativamente as exportações de laticínios do país. Em 2024, as exportações de queijo dos Estados Unidos para o México, seu maior mercado, cresceram 30% ano a ano, enquanto a China comprou 42% das exportações norte-americanas de soro de leite. Embora o setor de laticínios ainda não tenha sido diretamente afetado, o risco permanece alto.
Se as exportações diminuírem, os preços nos Estados Unidos podem cair. Para manter o equilíbrio do comércio e sustentar os preços dos lácteos, os importadores ao redor do mundo devem ficar atentos ao impacto da inflação sobre a demanda do consumidor. Os volumes de exportação da Nova Zelândia nos três meses até janeiro de 2025 cresceram 2% em relação ao ano anterior, impulsionados por uma moeda mais fraca e preços mais fortes das commodities, gerando um aumento de US$ 1,5 bilhão nas exportações no período. As exportações totais de laticínios em 2024 atingiram o maior nível dos últimos três anos, com as vendas para a China seguindo uma tendência semelhante. Novos recordes também foram registrados nas exportações para Malásia, Taiwan e Arábia Saudita. Os volumes de exportação devem continuar elevados no primeiro semestre de 2025, uma vez que a produção adicional de leite encontra mercado devido à demanda sustentada.
Com as previsões de preços do leite subindo NZ$ 2,00 (US$ 1,14) por quilo de sólidos do leite, equivalente a NZ$ 0,17 (US$ 0,09) por quilo de leite, em comparação com o mesmo período do ano passado, a confiança dos produtores está alta. Esse otimismo tem sido reforçado pela redução da pressão dos juros após as recentes quedas na taxa oficial de juros. Apesar do crescimento, as condições climáticas podem impactar a produção. Enquanto as chuvas no início do verão beneficiaram os produtores durante o Natal, um período de seca sazonal atingiu muitas regiões da Ilha Norte e o leste da Ilha Sul, reduzindo os volumes de leite nas últimas semanas. Se chuvas significativas não ocorrerem nas próximas semanas, existe o risco de que a temporada termine abruptamente em partes da Ilha Norte. Apesar das previsões otimistas para o preço do leite, alguns produtores podem optar por conservar alimento e preservar a condição do rebanho antes do inverno, encerrando a temporada mais cedo caso as condições continuem desfavoráveis. Por ora, o Rabobank mantém sua previsão de crescimento da produção de leite entre 2,5% e 3% para a temporada de 2024/2025. Fonte: interest.co.nz. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.