12/Mar/2025
O último Censo Agropecuário do IBGE de 2017 apontava a existência de 1,17 milhão de produtores de leite, com média de 53 litros/dia. Supondo uma população de 207,7 milhões de pessoas na época, uma a cada 178 pessoas no país produzia leite. Porém, a quantidade que efetivamente vendia leite era menor: cerca 634.000 produtores. Ainda assim um número muito elevado, significando escala de produção reduzida e, consequentemente, problemas de sucessão e mesmo de continuidade da atividade. De lá para cá, as transformações foram muito significativas, ainda que não representadas em dados oficiais. Um trabalho realizado por nossa empresa, a MilkPoint Ventures, com mais de 1/3 do leite inspecionado, mostrou um processo de forte concentração em curso na produção de leite.
Em 2024, apenas 1% dos produtores produziam mais de 5.000 litros/dia, mas já representavam mais de 26% do leite inspecionado. Se incluirmos os produtores acima de 2.000 litros/dia, são 3,3% do total, com 42,5% do leite. Um produtor de leite que produz com escala e eficiência tem uma receita bruta que passa de 10x a obtida por área com a soja, por exemplo. Há produtores com margens de 25% a 30% e retorno sobre o capital investido acima de 20% a 25% ao ano. Claro, não é a maioria, mas é um sinal do que virá pela frente. Os 100 maiores produtores de leite têm crescido a uma taxa de 7,6% ao ano nos últimos 10 anos, lembrando que, por depender da economia interna, os últimos 10 anos não foram particularmente bons para o setor.
A produção está praticamente estagnada, mas pode-se dizer que não é o mesmo leite que se produzia há 10 anos. Outro dado interessante é o crescimento do leite confinado. Quando fizemos o primeiro levantamento sobre sistemas de produção, 16% do leite era confinado. Esse número atingiu significativos 42% no ano passado (em uma amostragem de 35% do leite inspecionado). Essa mudança carrega implicações importantes. O investimento fixo (Capex) para a produção confinada passa de R$ 50.000/vaca alojada. Nessas condições, é absolutamente essencial ter alta produtividade animal, o que por si traz a necessidade de um pacote tecnológico de ponta, envolvendo genética, nutrição, produção de alimentos, conforto, sanidade, qualidade do leite e gestão. É muito mais dinheiro embutido em um litro de leite, do que em um sistema extensivo, de baixa produtividade. Fonte: MilkPoint Ventures. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.