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10/Mar/2025

Boi: produção de carne na América do Sul deve cair

Segundo o Rabobank, a produção de carne bovina na América do Sul deve apresentar uma retração em 2025. Os quatro principais produtores e exportadores da região (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai) terão queda na oferta de carne ao longo do ano, com destaque para o Brasil, responsável por 63% da produção sul-americana. O País deve reduzir sua produção em cerca de 500 mil toneladas, resultado do alto nível de abate de fêmeas incentivado pelos preços elevados entre 2022 e 2023. Apesar da menor oferta, a estratégia da indústria permanece voltada para as exportações, impulsionadas pela demanda crescente da China. Mesmo com a queda na produção, os volumes exportados continuam aumentando, com o consumo interno sendo reduzido nos quatro países. Nos últimos dez anos, enquanto a produção de carne bovina no Brasil cresceu a uma taxa anual de 3,1%, os embarques aumentaram 7,7%, ao passo que o consumo per capita caiu 0,5% no igual período.

A China se mantém como o maior destino da carne bovina sul-americana. Em 2024, o país asiático importou 4 milhões de toneladas, das quais 3 milhões vieram do Brasil, Argentina e Uruguai, representando 76% do total das compras chinesas. Somente o Brasil foi responsável por 47% desse volume, seguido por Argentina (21%) e Uruguai (8%). No Brasil, a retenção de fêmeas deve reduzir a oferta interna de carne bovina em 2025, ao mesmo tempo em que a indústria busca ampliar sua presença em mercados como Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Chile e Filipinas, além de expandir exportações para 17 novos mercados habilitados entre 2023 e 2024. Na Argentina, a produção deve permanecer estável, mesmo com o abate de fêmeas representando 48,5% do total em 2024. O consumo interno de carne bovina na América do Sul continua pressionado. Entre 2020 e 2024, o volume de carne bovina que pode ser adquirido com um salário-mínimo caiu em todos os países. No Brasil, a redução foi de 20% nesse período.

O cenário reforça a tendência de maior disponibilidade de carne para exportação, enquanto outras proteínas, como frango, suínos e pescados, ganham espaço no mercado interno. O Uruguai, que tem o gado mais caro da região, tem recorrido à importação de carne de países vizinhos para atender a demanda doméstica, com 59 mil toneladas compradas em 2024. No entanto, suas exportações para a China têm diminuído nos últimos três anos devido à menor demanda por cortes premium. O Paraguai ampliou suas exportações para os Estados Unidos, saltando de apenas 75 toneladas em 2023 para 28 mil toneladas em 2024. Para 2025, é esperada uma redução no rebanho paraguaio, o que pode causar impacto na produção, mas sem afetar os volumes exportados. A tendência de queda no consumo interno e aumento das exportações deve continuar nos próximos anos. Ainda que a carne bovina tenha um peso maior na dieta sul-americana em comparação com outras regiões, as pressões econômicas e a concorrência com mercados externos têm elevado os preços, reduzindo o consumo per capita. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.