07/Mar/2025
A disponibilidade interna de carne bovina no início deste ano foi recorde. A soma de janeiro e fevereiro pode ter superado em 10% o volume do primeiro bimestre de 2024 e em 38% o de dois anos atrás. Mesmo com toda a quantidade a mais, resultante do aumento da produção, o preço médio da carcaça com osso no atacado de São Paulo esteve 25% maior que no começo do ano passado (valor deflacionado pelo IGP-DI). O dianteiro teve valorização real de 30% e o traseiro, de 22,5%. O preço médio do boi gordo em São Paulo avançou 23% no mesmo comparativo. As exportações também evoluíram. No comparativo de bimestres, considerando-se estimativa para parte de fevereiro/2025, o volume sobe por volta de 6% sobre o começo de 2024 e 33% sobre o início de 2023. Esses números mostram, simultaneamente, a força produtiva da pecuária nacional e a resiliência da carne bovina no cardápio do brasileiro, explicada em boa parte pela baixa taxa de desemprego.
Em janeiro, a disponibilidade interna de carne bovina atingiu o máximo histórico. Para fevereiro, estima-se diminuição de quase 9% em comparação a janeiro, justificada pela redução dos abates no mês. Em relação a um ano atrás, no entanto, a projeção é de crescimento de cerca de 7%. O cálculo de disponibilidade interna considera a soma da produção de carne bovina a partir dos abates de todos os frigoríficos do País com a importação e, deste total, é subtraída a exportação de carne (in natura e processada). Para fazer a estimativa neste começo de março, foram considerados dados efetivos de produção do IBGE até setembro/2024 e, para os meses seguintes, feitas estimativas baseadas em modelo desenvolvido pelo Cepea. Os dados de exportação e importação têm como fonte a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), sendo que, para fevereiro, foram projetados o volume total in natura e o de carne industrializada, admitindo-se a média dos últimos 24 meses, que é de 12% de industrializada.
Trazendo-se a análise do mercado da carne e do boi gordo para o correr deste ano, contata-se que, em relação a dezembro/2024, os preços perderam sustentação, mas de forma moderada. No segmento da carne com osso, é importante se analisar a diferença entre os cortes. Nitidamente, muitos brasileiros recorreram aos cortes mais baratos. O preço médio do dianteiro tem se mantido praticamente estável desde o começo do ano. No acumulado de janeiro, recuou apenas 0,6% e, em fevereiro, manteve a média próxima a R$ 19,00 por Kg. Já o traseiro com osso saiu de R$ 28,03 por Kg no final de dezembro/2024 para R$ 25,56 por Kg nesta semana, desvalorização de quase 9%. O preço da ponta da agulha teve queda ainda maior, de 11%. Na média ponderada, a carcaça casada de boi no atacado de São Paulo se desvaloriza 6,6% na parcial de 2025.
As exportações seguem cumprindo seu papel tanto de fomentar a melhora da qualidade dos sistemas de produção e processamento da carne quanto de equilibrar os preços internos. Em fevereiro, tiveram bom desempenho. Dados oficiais até a terceira semana do mês apontavam média diária 8,6% superior à de um ano atrás. No acumulado da parcial deste ano, o preço médio do boi gordo em São Paulo recua apenas 2%, saindo da casa de R$ 317,00 por arroba no final de dezembro/2024 para R$ 310,00 por arroba agora. Mas, em janeiro, teve fôlego para atingir a casa de R$ 327,00 por arroba, o que indica que o volume robusto de carne à venda em janeiro começou a ter impacto sobre os preços a partir do final daquele mês, coincidindo com o enfraquecimento do dólar. Nos últimos sete dias, especificamente, a carne com osso no atacado de São Paulo se mantém estável. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.