03/Mar/2025
Exportadores e produtores de carnes se comprometeram com o governo em garantir maior oferta de produtos a fim de equilibrar os preços no mercado interno. As proteínas são uma das principais preocupações do governo com a inflação de alimentos, em especial a carne bovina. Em encontro com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, representantes do setor reforçaram a queda, em média, de 15% nos preços dos cortes bovinos, no atacado, de dezembro/2024 ao fim de fevereiro/2025, e ressaltaram a tendência de arrefecimento das cotações. O setor afirmou ao ministro que se unirá em esforço para ofertar mais produtos no mercado doméstico. O compromisso foi apresentado por empresários, representantes de frigoríficos e lideranças do setor exportador ao ministro da Agricultura, na semana passada.
A ideia é de que Carlos Fávaro leve as propostas do setor e os dados de queda de preços das carnes ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Industriais da carne bovina destacaram ao ministro que os preços devem cair mais em duas semanas, acompanhando a baixa das cotações do boi gordo. Representantes do setor alegaram que a queda dos preços no atacado (ou seja, cobrado da indústria aos supermercadistas) não está sendo repassada na íntegra ao varejo. O setor da carne bovina apresentou ainda ao governo gráficos e números que mostram a queda dos preços da carne bovina no atacado no acumulado deste ano. Entre os dados, o setor citou a queda de 25% no preço da picanha de dezembro/2024 ao fim de fevereiro/2025, de 24,73% no preço do filé mignon, recuo de 20% no preço da alcatra com maminha, de 18% no valor do contrafilé e de 14% de queda no preço do lagarto.
Em cortes dianteiros, o setor identificou redução de 17% nos preços de dezembro/2024 ao fim de fevereiro/2025, o que inclui acém, paleta e peito. Em relação aos frangos e suínos, as sugestões do setor produtivo vão na direção de destravar a produção, reduzir o desperdício e diminuir custos. Uma das sugestões, por exemplo, diz respeito ao máximo aproveitamento possível, e dentro de permissões das autoridades sanitárias, da carcaça de animais que porventura apresentem algum problema sanitário. Assim, em vez de descartar o animal inteiro, seria possível descartar apenas as partes afetadas, sempre dentro das regras e legislações sanitárias. Representantes destacaram ao ministro que os níveis de condenação de aves são os mais altos do mundo.
Agora, o governo e o setor devem articular melhoramento em normativas sobre o tema. Outro ponto apontado pela indústria foi a regulamentação da Lei do Autocontrole, abrindo a possibilidade de credenciamento de fiscais terceirizados para atuação em frigoríficos, o que permitiria a atividade em maior número de turnos e até mesmo aos fins de semana. Para fontes do setor, essas medidas podem contribuir para aumentar a produção e ampliar a oferta dos alimentos com consequente impacto nos preços no médio e longo prazos. Alguns representantes citaram a ideia de desoneração temporária de PIS/Cofins sobre determinados produtos considerados estratégicos no consumo da população de baixa renda, como cortes de carnes de frangos e suínos e itens processados, o que foi imediatamente descartado pelo governo em virtude do potencial impacto fiscal.
Em relação ao aumento dos preços dos ovos, a indústria reforçou ao governo que se trata de uma alta temporária em virtude da sazonalidade na oferta e do aumento no consumo de ovos em período precedente à quaresma. Não foram apresentadas medidas específicas ao setor de ovos. Além de Fávaro, outros representantes do governo estiveram presentes na reunião com empresários e lideranças de entidades do setor de carnes. Também participaram dos encontros o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, o secretário especial de Análise Governamental da Casa Civil, Bruno Moretti, o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, o subsecretário de Política Agrícola e Negócios Agroambientais do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.