25/Feb/2025
Mais de 5 mil búfalos selvagens estão devastando uma reserva biológica no oeste de Rondônia. Os búfalos estão transformando em deserto uma área equivalente a 60 mil campos de futebol na Reserva Biológica (Rebio) Guaporé, uma unidade de conservação federal, com 600 mil hectares. O desastre ambiental levou o Ministério Público Federal (MPF) a pedir, em ação judicial contra o governo de Rondônia e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a erradicação dos búfalos. Ao Estado, o MPF pede uma indenização de R$ 20 milhões. O governo de Rondônia diz que trabalha na elaboração de um projeto que inclui o levantamento dos impactos ambientais causados pelos búfalos e um plano de mitigação, mas destaca que, pelo fato de serem animais selvagens, o controle se torna mais difícil. O ICMBio informa que os búfalos ocupam uma área isolada de 96 mil hectares na Rebio Guaporé, em Rondônia. Sem estrada nem sequer simples ramais, não há como retirar os animais, vivos ou mortos, por terra.
Além disso, esses animais não têm acompanhamento sanitário, o que inviabiliza o abate para consumo. O instituto diz que foram feitas reuniões com órgãos de interesse e sua equipe tem produzido pesquisas para avaliar as opções de um projeto de erradicação, a partir de informações precisas sobre o número de animais, sua origem, os impactos e métodos de controle. Originários da Ásia, os búfalos foram introduzidos na região em 1953 pela antiga Fazenda Pau d’Óleo em um projeto de incentivo à pecuária. A área hoje pertence ao governo estadual. A fazenda foi abandonada e os 36 animais iniciais se reproduziram livremente em um hábitat sem predadores. Se não houver controle, a estimativa é de que sejam 50 mil búfalos ocupando a metade de Rebio em 2030. O MPF pede que o controle use métodos que causem o menor sofrimento possível aos animais e sem danos ao ambiente. O hábito dos búfalos de chafurdar a lama desvia cursos d'água, provoca erosões e desertificação.
Segundo o MPF, os ambientes alagados da reserva foram reduzidos em 48% desde 2008. O MPF relata que os búfalos destruíram sítios arqueológicos na região. A ação pede que o ICMBio apresente, em até dez meses, um plano de controle “utilizando métodos que causem o menor sofrimento”. O plano deverá ser executado pelo estado de Rondônia com os próprios recursos, sob supervisão do órgão federal. O Estado deverá elaborar e executar um plano de recuperação da área degradada. Segundo o governo de Rondônia, uma lei estadual que permite a erradicação de búfalos não pode ser aplicada na Rebio Guaporé, por se tratar de unidade federal. Em 2015, o Estado chegou a discutir com o ICMBio um plano para o controle dos búfalos. Foram previstos um incinerador para carcaças, veículos e barcos para o transporte de pessoal, além de alojamentos. Na época, o custo da estrutura estava orçado em R$ 1,6 milhão, mais R$ 600 mil por ano de operação. O projeto não avançou. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.