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25/Feb/2025

Frango: vacina da gripe aviária divide setor nos EUA

As indústrias de frango e de ovos nos Estados Unidos têm posições divergentes sobre a vacinação contra a gripe aviária. Empresas de ovos querem uma resposta mais firme do governo ao surto da doença, que tem afetado granjas e elevado os preços dos ovos. Elas pedem que os reguladores aprovem uma vacina para aplicação nas granjas, uma mudança drástica em relação à posição adotada há alguns anos. Segundo a Versova, uma das maiores produtoras de ovos dos Estados Unidos, o caminho atual não é sustentável para a indústria e não é sustentável para os clientes que estão pagando US$ 8,00 pela dúzia de ovos. No entanto, processadoras de frango como Tyson Foods, Pilgrim’s Pride e Perdue Farms, alertam que a vacinação pode prejudicar suas exportações, que movimentam cerca de US$ 5 bilhões ao ano. Se os Estados Unidos começarem a vacinar as aves, países importadores podem suspender as compras de produtos avícolas norte-americanos, segundo autoridades do setor.

Cada país precisaria aprovar a estratégia de vacinação dos Estados Unidos antes de retomar as importações. Segundo o Conselho Nacional do Frango, a vacinação teria um impacto devastador. Na semana passada, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) concedeu uma licença condicional para uma vacina contra a gripe aviária altamente patogênica. Desde 2022, a doença resultou na morte de cerca de 160 milhões de frangos e perus. No entanto, a vacina ainda não foi autorizada para uso nas granjas, e os produtores de aves não podem comprá-la. Segundo o USDA, isso é apenas uma etapa normal da pesquisa e desenvolvimento, não a implementação de uma estratégia de vacinação. O governo de Donald Trump planeja uma nova estratégia para combater a gripe aviária. O governo buscará "melhores maneiras, com segurança biológica e medicamentos", em vez da prática atual de eliminar todas as aves de uma granja quando uma infecção é detectada, afirmou o Conselho Econômico Nacional.

O USDA planeja divulgar nos próximos dias uma estratégia abrangente de combate à doença. No entanto, vai levar algum tempo para que os preços de ovos voltem a cair. Há dois anos, os produtores de ovos descartaram a ideia de vacinação contra a gripe aviária, apesar do impacto da doença nos preços. Na época, os custos e o esforço para vacinar as mais de 300 milhões de galinhas poedeiras nos Estados Unidos foram considerados inviáveis. Agora, a postura do setor mudou. Os esforços para conter o avanço da doença não deram resultado, e autoridades sanitárias alertam sobre possíveis mutações que poderiam facilitar a transmissão entre humanos. Nos últimos anos, granjas de ovos investiram milhões de dólares em sistemas como canhões de som com sensores de movimento e lasers para afastar aves selvagens que poderiam estar infectadas. A gripe aviária tem uma taxa de mortalidade de quase 100% em frangos e é disseminada principalmente por aves silvestres, como patos e gansos.

O vírus é tão contagioso que até uma rajada de vento pode carregar fezes contaminadas para dentro de um galpão avícola. O lobby do setor de ovos cita a França como exemplo de sucesso, após uma campanha de vacinação em 2023 ter ajudado na recuperação da produção de patos no país. A Versova defende uma abordagem diferente para que a indústria de ovos sobreviva. A prática de abater aves simplesmente não está funcionando. O USDA concedeu aprovação condicional para a Zoetis, empresa de saúde animal, desenvolver uma vacina contra a gripe aviária para uso em frangos. O próximo passo seria a aprovação comercial, mesmo assim levaria tempo para resolver questões comerciais, aumentar a produção e definir uma estratégia de distribuição. O setor de frango se opõe à vacinação antes que os impactos no comércio internacional sejam resolvidos. Os Estados Unidos são o segundo maior exportador mundial de carne de frango, enviando produtos para mais de 150 países.

Uma interrupção das exportações poderia resultar em cortes na produção e afetar a demanda por soja e milho, que são usados em ração animal. Fornecedores de frango para redes de fast food e supermercados também argumentam que a vacinação não faz sentido devido ao curto ciclo de vida das aves de corte (45 dias até o abate), enquanto as galinhas poedeiras continuam em produção por cerca de dois anos. Além disso, as galinhas poedeiras representam mais de 75% das mortes associadas ao atual surto, enquanto os frangos de corte representam apenas cerca de 8%. John Clifford, ex-diretor veterinário do USDA, defende que os Estados Unidos negociem com países importadores regras comerciais ligadas à gripe aviária. Uma das propostas do setor de ovos é restringir a vacinação aos Estados líderes na produção de ovos, como Iowa e Ohio, enquanto os Estados do Sudeste, que concentram a criação de frangos de corte, permaneceriam sem vacinas. Trata-se de desenvolver uma estratégia que possa ser apresentada aos parceiros comerciais. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.