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06/Feb/2025

Boi: baixo controle do fornecimento na Amazônia

Os frigoríficos de carne bovina que atuam na Amazônia ampliaram o nível de transparência na divulgação de dados sobre a cadeia de fornecimento de gado, uma prática importante para ajudar a conter o desmatamento na região. No entanto, estudo Radar Verde mostra que ainda há um grande desafio relacionado ao controle do fornecimento direto ou indireto de animais para abate à indústria. Em 2024, o estudo realizado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e pelo Instituto O Mundo que Queremos avaliou 146 empresas (no ano anterior, haviam sido 132 companhias). Segundo o levantamento, a quantidade de empresas de carne que divulgou resultados de auditorias independentes sobre o controle de fornecimento de gado cresceu de 11 para 13. Além disso, as empresas com sites disponíveis para avaliação do Grau de Controle dos fornecedores eram 38 em 2023 e chegaram a 41 no ano passado.

O primeiro ponto da análise de 2024 é que houve uma evolução, mesmo que lenta, especialmente comparada à necessidade. Isso ajudou a conter parte do desmatamento. Apesar dos avanços, a avaliação geral do Radar Verde (que inclui o monitoramento de fornecedores diretos e indiretos em diversos níveis) indica que, em 2024, apenas 0,7% das empresas apresentaram controle intermediário da cadeia pecuária em que estão envolvidas na Amazônia, 8,2% tinham controle baixo e 91,1%, controle muito baixo. Nenhum frigorífico teve avaliação alta na análise geral. No ano anterior, as empresas com controle muito baixo eram 92%, enquanto as com monitoramento baixo representavam 7% e as com nível intermediário de controle eram 1%. Esse resultado decorre sobretudo do baixo controle de fornecedores indiretos. Isso significa que a empresa corre o risco de comprar bovinos criados, nas primeiras etapas da cadeia, em áreas de desmatamento.

Com relação aos controles sobre o fornecimento direto para o frigorífico, houve queda. Do total, seis foram classificadas com grau de controle muito alto nesse quesito; em 2023, foram sete. Marfrig, Minerva e Rio Maria lideram a lista dos mais bem avaliados no controle de fornecedores diretos, seguidos por Masterboi, Frigol e Mercúrio Alimentos. A gigante JBS tem monitoramento considerado alto dos fornecedores diretos e supera a Mercúrio no controle de indiretos. A companhia também tem o maior Grau de Exposição ao Risco de Desmatamento, seguida pela Frigo Manaus, Frialto, Masterboi e Amazon Boi. A JBS tem o maior grau de exposição ao risco, em parte pela dimensão de suas operações. Sua zona de compra tem 11,5 milhões de hectares com exposição ao risco, mais que o dobro do segundo colocado. É uma área maior que o estado de Santa Catarina.

A JBS informou que avalia, desde 2009, milhares de potenciais fazendas fornecedoras de bovinos diariamente, por meio de um sistema de monitoramento geoespacial. A Política de Compras de Matéria-Prima da JBS proíbe a aquisição de bovinos de propriedades com desmatamento ilegal, áreas de embargo ambiental, unidades de conservação e terras indígenas ou quilombolas, entre outros requisitos, como estar na Lista Suja do Trabalho Escravo. A JBS ainda informou que, em 2021, criou a Plataforma Pecuária Transparente, que utiliza a tecnologia blockchain. O sistema permite que os fornecedores diretos da empresa apliquem os mesmos critérios socioambientais aos seus próprios fornecedores de animais. A partir de 1º de janeiro de 2026, somente os produtores que estiverem na plataforma poderão vender bovinos para a JBS.

A Marfrig afirmou que não obteve acesso ao relatório, mas reconhece a importância de iniciativas que fomentem a transparência, como a Radar Verde. Por meio do Programa Verde+, a empresa monitora 100% de seus fornecedores diretos e 79% dos indiretos em todos os biomas brasileiros. Na Amazônia, a rastreabilidade dos indiretos já é de 89%. A meta pública da companhia é atingir 100% de rastreabilidade em todos os biomas até o final deste ano. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também considerou louvável o objetivo do estudo, porém, discordou da metologia adotada. Políticas das empresas relacionadas ao rigor na aquisição de matéria-prima não são consideradas. Por isso, mesmo indústrias com alta aprovação em auditorias do TAC (Termo de Ajuste de Conduta) podem aparecer de forma negativa nas análises do Radar Verde.

A entidade também diz ter todo o interesse em apoiar políticas públicas que permitam aprimorar a rastreabilidade do gado bovino no País. A Frigol afirmou que concorda com a visão da Abiec. Empresas como a Frigol, que têm avançado ano a ano em seus controles e transparência, têm sido penalizadas pela metodologia, por isso a Frigol optou por não responder ao questionário do indicador da Radar Verde quando solicitada. Segundo a empresa, em 2023, a Frigol realizou pela primeira vez o protocolo de Avaliação e Monitoramento de 100% dos Fornecedores Indiretos Nível 1 e houve o atingimento de 77% de conformidade. Sobre a metodologia, o Imazon afirmou que um questionário é enviado às empresas e, em geral, elas não têm respondido. Há também checagem no site oficial das companhias e consultas em dados públicos como das auditorias do TAC. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.