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28/Jan/2025

Camarão: estudo sobre acúmulo de microplásticos

Um estudo de campo conduzido no campus de Bauru da Universidade Estadual Paulista (Unesp) investiga o acúmulo de microplásticos em grandes crustáceos, especificamente nos camarões-de-sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri). O objetivo é avaliar tanto os riscos ecológicos dessa poluição quanto os possíveis impactos para a saúde humana, com a ingestão desses animais. Apoiada pela Fapesp no âmbito do Programa BIOTA, a pesquisa é realizada em duas regiões com características ambientais bastante contrastantes: a Baixada Santista, que abrange áreas industriais, portuárias e pesqueiras com grande impacto ambiental; e Cananeia, região de menor intervenção humana e mais preservada, no litoral sul de São Paulo. A presença de microplásticos foi observada no trato gastrointestinal de algo entre 80% e 90% dos camarões avaliados até o momento.

Embora a quantidade de partículas varie entre os locais, o fato de que a contaminação está presente em uma percentagem tão alta de camarões levanta questões sobre as consequências a longo prazo aos consumidores e ao ambiente. A proposta é comparar como camarões de ecossistemas tão diferentes respondem à exposição a microplásticos. Os camarões, por serem detritívoros (alimentam-se de detritos no fundo do mar), estão expostos a grandes quantidades de microplásticos presentes nos sedimentos marinhos. Esse hábito facilita a análise de bioacumulação de microplásticos em seu organismo. Os microplásticos são pequenas partículas com menos de 5 mm, que correspondem a 92,4% dos detritos de plástico no mar. Estão presentes em todo o ambiente oceânico, da coluna de água às praias e até no oceano profundo. Podem trazer graves consequências para a vida marinha e, por extensão, para os seres humanos que consomem frutos do mar.

Com base nessa preocupação, pesquisadores do Laboratório de Biologia de Camarões Marinhos e de Água Doce da Unesp buscam identificar os níveis de contaminação por microplásticos nos camarões-de-sete-barbas pescados no litoral de São Paulo. O primeiro passo da pesquisa consiste em avaliar o nível de exposição no trato gastrointestinal dos camarões, onde os microplásticos podem ser detectados inicialmente. Outro objetivo do projeto é compreender se a contaminação por microplásticos afeta também a qualidade nutricional dos camarões, o que pode ter implicações importantes para o consumo humano. Essa análise corresponde à próxima fase do projeto, que buscará avaliar se os microplásticos detectados nos camarões estão se acumulando em outros tecidos além do trato gastrointestinal, como na musculatura, que é justamente a parte mais consumida pelas pessoas. A pesquisa está apenas começando a entender a extensão desse problema, mas os dados já mostram que a situação é alarmante. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.