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23/Jan/2025

Boi: cenário é positivo para produtores e indústria

O cenário de demanda doméstica aquecida, boas expectativas de vendas externas e oferta equilibrada nos mercados de abate e atacadista tem motivado a compra de bovinos de recria e de engorda. Como a disponibilidade de bezerro e boi magro também não é significativa, os preços para essas categorias também vêm subindo, contribuindo para que janeiro seja marcado por cotações firmes em toda cadeia. De acordo com a Secretaria de Comercio Exterior (Secex), o valor recebido pelas exportações brasileiras de carne bovina (in natura + processada) registrou recorde em 2024, de US$ 12,6 bilhões, aumento de 21,7% em relação ao ano anterior. Mais de 90% desse valor (US$ 11,6 bilhões) foi obtido com os embarques da carne in natura, que cresceram 22,8% em relação a 2023. Quanto ao volume total exportado, o incremento foi de mais de 25% de 2023 para 2024, mas os preços médios, em dólar, caíram 3%. Esses valores se retraíram em boa parte do ano, mas iniciaram trajetória de alta a partir de agosto.

Em dezembro/2024, especificamente, o preço ficou 9% acima do de dezembro/2023. Historicamente, o preço médio do boi gordo em São Paulo acompanha as variações de preços dos principais indicadores da carne bovina no mercado internacional. Em 2024, o indicador de preços da carne bovina do Fundo Monetário Internacional (FMI) (convertido em Reais), que é composto pelos valores de importação (compras feitas pelos Estados Unidos, pela Austrália e pela Nova Zelândia), avançou aproximadamente 50%, refletindo o aperto da oferta no mercado de carne bovina nos Estados Unidos e a variação cambial. Quanto ao indicador das Nações Unidas (FAO), que é composto pelos valores de exportação e considera os valores da carne brasileira exportada, além da americana (também convertidos para Real), cresceu 40%; já o preço médio do boi gordo em São Paulo acumulou alta anual de 29%. Para exportadores brasileiros, o preço recebido pelas vendas externas em dólar avançou 9% de dezembro/2023 para dezembro/2024.

Considerando-se a desvalorização do Real frente ao dólar de 24,5% no mesmo período, o ganho em Reais sobe para mais de 35%. Nas três primeiras semanas deste mês, os embarques de carne bovina (fresca, resfriada ou congelada) já avançaram 26% na comparação com janeiro/2024, segundo a Secex, o que tem ajudado a dar suporte aos preços pagos pelo boi gordo. Desse modo, o cenário neste final de janeiro está positivo para pecuaristas e frigoríficos. Mesmo com o combo sazonal (início de ano e segunda quinzena), quando o consumidor tende a ter menor poder de compra, as vendas aos varejistas seguem relativamente firmes, possibilitando que frigoríficos promovam alguns ajustes dos preços ao produtor. Além do bom desempenho das exportações e das vendas internas razoáveis mesmo nesta época do ano, o diferencial carne-arroba também tem motivado a indústria a comprar novos lotes a preços maiores.

Em São Paulo, no atacado, a média da carcaça casada de boi se mantém na casa dos R$ 23,00 por Kg desde o início de dezembro, favorecendo os resultados para o frigorífico. Na terça-feira (21/01), por exemplo, a venda de 15 quilos de carne com osso a R$ 349,20 em média (R$ 23,28 por quilo), possibilita a compra de 1,07 arroba de boi gordo em São Paulo, a R$ 326,60. No acumulado da parcial de janeiro, o preço médio do boi gordo em São Paulo registra aumento de 2,9%, mas as cotações da carcaça casada de boi apresentam baixa de apenas 0,3%, mantendo a diferença entre o que o frigorífico paga pelo boi gordo e o que consegue com a venda da carne bobina na casa dos R$ 23,00 por arroba, um patamar historicamente relevante. No mercado de fêmeas, o resultado para a indústria também é favorável. Na terça-feira (21/01), quando se compara o valor médio que vem sendo pago pelas fêmeas (incluindo vacas e novilhas) no estado de São Paulo (R$ 305,22 por arroba) com a média dos 15 quilos de carcaça casada de fêmeas (R$ 325,20), tem-se uma margem de quase R$ 20,00 por arroba.

Diante de uma oferta de bovinos considerada pouco expressiva, os preços de machos e fêmeas têm subido na maioria das regiões. Lotes que atendem mercado específicos, como o chinês, têm enfrentado ainda mais concorrência para compra. Recentemente, se observa, inclusive, aumento da bonificação. Nesses casos, o bônus pelo “boi China” tem passado de R$ 5,00 para R$ 10,00 por arroba. Comparando-se a média na parcial de janeiro com a de dezembro/2024, o boi gordo dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul registra avanço de 1%, em Goiás, a alta é de cerca de 2%, e em Mato Grosso, de quase 3%. Em relação à média de janeiro/2024, os acréscimos estão entre 27%, no estado de São Paulo, e 44%, em Mato Grosso. Em Mato Grosso, o boi gordo passou de R$ 211,72 por arroba em janeiro/2024 para R$ 304,51 por arroba nesta parcial de janeiro/2025. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.