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24/Set/2019

Carnes: demanda da China eleva os preços globais

A China está comprando mais carne do mundo inteiro e as cotações da carne bovina, de frango e suína ao redor do mundo estão subindo, enquanto o gigante asiático tenta suprir as perdas em sua oferta doméstica causada pela peste suína africana (PSA). No Brasil, embarques de carne de frango para a China aumentaram 31% em relação ao ano passado e os preços domésticos de peito e coxa de frango aumentaram aproximadamente 16% no varejo. Os consumidores da Europa estão pagando em média 5% a mais por carne suína, porque a maior parte da carne produzida domesticamente está sendo enviada à China. os preços de carne de cordeiro em lojas na Austrália aumentaram 14%, enquanto carne moída nas prateleiras da Nova Zelândia saem a preços recordes. Nos Estados Unidos, os consumidores locais ainda não sentiram efeito expressivo das compras chinesas em preços, mas isso pode mudar em breve.

Os futuros de suínos norte-americanos com vencimento em dezembro subiram 4,5% este mês após oficiais chineses afirmarem que o país poderia excluir carne suína e outros produtos agrícolas norte-americanos de tarifas punitivas, embora o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tenha afirmado que o país não precisa de um acordo comercial completo com a China antes das eleições de 2020. Diversas companhias norte-americanas de carne viram nos últimos meses concorrentes da Europa e da América do Sul se movimentarem para abastecer as necessidades de carne suína da China. Executivos da Tyson Foods, Smithfield Foods e Sanderson Farms afirmaram que esperam se beneficiar de preços mais altos, com o aumento das importações chinesas consumindo os estoques globais de carne. Sempre que essa quantidade de proteína é perdida numa perspectiva global, haverá efeito no preço.

Os preços de carne suína na China chegaram a subir 50%, e houve tentativas do governo local de racionamento ou de estimular a população a migrar para frango e outras carnes. Entre maio e julho, as importações chinesas de carnes suína, de frango, bovina e de ovelha subiram quase 70%, chegando a mais de US$ 5 bilhões em receita e aumentando os preços globais. O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para carne subiu 10% este ano, para o maior nível desde o início de 2015. A China recentemente aprovou importações de carne de mais 25 plantas brasileiras. A BRF aumentará sua capacidade de exportação de frango e suínos em cerca de 30%, em parte para suprir a demanda chinesa e manter o mercado interno abastecido. Importadores chineses buscam comprar três vezes a quantidade de carne que costumam adquirir. Como consequência, os consumidores brasileiros estão pagando mais caro por frango, e novos aumentos nos preços são possíveis.

Na Argentina, onde muitos consideram a carne bovina um estilo de vida, alguns locais estão deixando de consumir a carne vermelha com o aumento de preços. A combinação de inflação e aumento das exportações à China (embarques de carne bovina mais do que dobraram este ano, enquanto de frango aumentaram 68%) aumentaram preços da carne em 51% ante um ano atrás. ElPozo Alimentación SA, uma das maiores companhias de carne suína da Espanha, está precisando tomar decisões sobre o quanto de carne deve ser usada para mercados domésticos e quanto deve ser enviada para a China, onde ela é vendida por maiores valores. Na Espanha, até cortes mais baratos de carne estão ficando em falta no mercado local porque podem ser vendidas por mais na China. Segundo a trading Samex Australian Meat Co., os compradores chineses estão mais competitivos do que importadores dos Estados Unidos ou do Oriente Médio na disputa pela oferta de carne da Austrália. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.