ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

07/Jan/2025

Lácteos: as expectativas para o mercado em 2025

O mercado lácteo brasileiro tem passado por transformações significativas nos últimos anos. Em 2024, não foi diferente. Apesar da recuperação do consumo e aumento dos preços, o setor enfrentou diversos desafios que moldaram o panorama atual. Com isso, surgem perguntas sobre o que podemos esperar para 2025 e como o setor poderá se comportar frente às novas condições. Após um final de 2023 desafiador para o mercado lácteo, com margens apertadas tanto para o produtor quanto para a indústria, o ano de 2024 foi marcado por recuperação. Com uma demanda mais firme, os preços dos derivados se recuperaram, permitindo que o preço do leite pago ao produtor também aumentasse. Além disso, os custos dos principais insumos de produção, como milho e soja, permaneceram mais baixos durante grande parte do ano, favorecendo o crescimento da rentabilidade da produção. A produção brasileira apresentou um crescimento modesto no ano, limitada principalmente por desafios climáticos. Na Região Sul, especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, as catástrofes climáticas de maio impactaram a produção da região ao longo de quase todo o ano.

Nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste, em importantes Estados produtores como Minas Gerais e Goiás, a seca prolongada e temperaturas elevadas (acima do padrão para o período) também limitaram crescimentos mais significativos, mesmo em um contexto de alta rentabilidade. Para 2025, espera-se que esses limitantes sejam superados e que a recuperação recente da rentabilidade reflita em uma produção mais robusta. A variação da rentabilidade, para melhor ou para pior, tende a impactar a produção a partir do semestre seguinte. Assim, mesmo que 2025 apresente uma leve perda na rentabilidade ao produtor, o cenário positivo de 2024 deve sustentar uma produção mais forte no próximo ano. Na Região Sul, após uma sequência de quedas (mesmo antes do fatídico maio de 2024), espera-se que o estado do Rio Grande do Sul volte a apresentar recuperação na produção e crescimento anual. Além disso, Santa Catarina e Paraná devem sustentar suas trajetórias de crescimento, sendo dois dos Estados que mais vêm recebendo investimentos das indústrias nos últimos anos.

Na região central, Minas Gerais, o maior Estado produtor do País, também deve apresentar crescimento mais forte em 2025, sem limitantes climáticos e com uma produção próxima aos seus níveis máximos históricos. Além disso, no Nordeste, a região que mais tem crescido em termos percentuais nos últimos anos, espera-se que os recentes investimentos (e novos, que provavelmente ocorrerão) continuem refletindo no crescimento do volume produzido de leite na região. Um ponto que vem chamando atenção para a produção de leite em 2025 é a relação de troca do leite com a arroba do boi gordo. Durante o mês de novembro a arroba do boi gordo apresentou consecutivas valorizações, colocando um sinal de alerta para o mercado lácteo, que tende a aumentar o número de vacas para o abate em períodos em que são necessários mais leite produzido para equivaler a uma arroba. No entanto, até o momento, essa relação permaneceu em um patamar dentro da normalidade para o setor lácteo, ficando abaixo da média histórica recente.

Nesse cenário, com os níveis atuais de rentabilidade dos produtores de leite, a produção láctea segue favorecida nessa relação, porém, não deixa de ser um sinal de alerta para o próximo ano, que apresenta uma tendência de novas altas para a arroba do boi gordo. A principal mudança em termos de oferta para o mercado lácteo em 2025 pode vir das importações. Após renovarem sucessivamente os volumes máximos históricos em 2023 e 2024, para 2025, o cenário aponta para importações mais limitadas. Observa-se uma recuperação significativa dos preços internacionais na reta final de 2024, tornando os produtos importados mais caros para os compradores brasileiros. Tomando como referência o preço do leite em pó integral (principal produto importado pelo Brasil) negociado na plataforma Global Dairy Trade (GDT), as cotações saíram de US$ 3.200,00 por tonelada em julho para níveis próximos a US$ 3.900,00 por tonelada no final do ano, um crescimento superior a 20%. Além disso, um fator determinante nessa mudança de competitividade do produto internacional é a taxa de câmbio (R$/dólar).

Com os produtos internacionais cotados em dólar, a depreciação da moeda brasileira frente à moeda norte-americana reduz o poder de compra das indústrias brasileiras. No fechamento de 2024, a taxa de câmbio atingiu máximas históricas, operando acima de R$ 6,00. A expectativa é de que o câmbio siga elevado ao longo de 2025. Nesse cenário, com câmbio elevado e preços internacionais mais altos, as importações tendem a ser menos atrativas para os compradores brasileiros. Provavelmente, o volume importado voltará a cair, após atingir máximas históricas nos últimos dois anos. Do ponto de vista da demanda, após um 2024 de expansão do mercado de trabalho, crescimento da renda e estímulo ao consumo, o ano de 2025 tende a ser marcado por consumo mais contido. Analisando a conjuntura econômica, o cenário para o mercado de trabalho em relação ao fechamento de 2024 aponta para uma elevação do desemprego (ainda que em níveis baixos comparados ao histórico brasileiro). Por outro lado, com uma renda que não deve crescer significativamente e com uma inflação mais elevada, o poder de compra da população tende a perder força.

Especificamente na categoria de lácteos, o ano de 2025 começa com uma inflação acima de dois dígitos para algumas categorias, limitando crescimentos no consumo. Para controlar a inflação, o Banco Central já sinalizou que a taxa de juros da economia brasileira (Selic) deve subir e se manter em níveis elevados ao longo de todo o ano. Isso tornará o crédito mais caro, reduzindo o grau de investimento por parte das indústrias e limitando o consumo. Dessa forma, 2025 se desenha como um ano de retomada da produção interna em todas as principais regiões do País. Por outro lado, em termos de oferta, é provável que as importações sejam reduzidas, evitando uma sobreoferta no mercado. Em termos de demanda, após um 2024 de recuperação e consumo mais estimulado, 2025 será mais desafiador, refletindo em retrações nos preços médios dos principais derivados e do leite ao produtor. Contudo, mesmo com provável redução nos preços médios, o aumento do volume produzido internamente pode levar a níveis máximos de faturamento para toda a cadeia. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.