ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

07/Jan/2025

Leite: cenário mais positivo para o setor em 2025

A cadeia de produção de leite começa 2025 com a perspectiva de diminuição das importações e quadro climático mais favorável, o que anima laticínios e pecuaristas. O cenário é bem mais positivo do que o de anos anteriores, quando cresceram as compras de matéria-prima do exterior, especialmente de Argentina e Uruguai, e sucessivas estiagens em importantes Estados produtores reduziram a oferta de matéria-prima e afetaram a produtividade no campo. Isso não significa, no entanto, que o segmento terá vida fácil nos próximos 12 meses. Neste ano, o aumento dos preços dos lácteos no mercado internacional e a desvalorização do Real devem enxugar as importações brasileiras de lácteos, que bateram recorde no País em 2024. Para a indústria nacional, isso é bom porque o produto importado estava entrando com muita força no Brasil. Os preços que Uruguai e Argentina praticam subiram e estão mais próximos dos preços no Brasil. Isso, somado a uma taxa de câmbio mais elevada, provavelmente reduzirá a importação.

Os valores, que eram de US$ 3.700,00 por tonelada em agosto, subiram para US$ 4.100,00 por tonelada no fim do ano. De janeiro a novembro de 2024, o Brasil importou 252,5 mil toneladas de lácteos, especialmente de Argentina e Uruguai, de acordo com as estatísticas do Ministério da Agricultura. O volume é pouco superior ao do mesmo período de 2023, quando as importações somaram 251,9 mil toneladas, mas 60% maior do que as 151,2 mil toneladas do intervalo entre janeiro e novembro de 2022. O aumento expressivo das importações levou o segmento a pedir a abertura de investigação sobre a possível prática de dumping por parte de Argentina e Uruguai. O governo brasileiro atendeu à solicitação no início de dezembro. Se o virtual declínio das importações anima os produtores, que terão menos concorrência, e as indústrias, que não precisarão recorrer a um produto que já não tem custo competitivo como em anos recentes, ele vai reduzir a oferta do produto no mercado interno. Esse desdobramento pode encarecer o produto final. O segmento já detectou que os consumidores estão resistentes a pagar mais pelo leite e seus derivados.

O começo de 2025 deve ser mais difícil para consumo do 2024. A inflação do leite e derivados medida pelo IPCA foi de 10,24% nos 12 meses até novembro, mas, no caso do leite longa vida (UHT), os preços subiram 20,38% nesse intervalo, quando a inflação no País foi de 4,87%. No campo, há uma boa notícia, mas com desdobramentos que preocupam os pecuaristas. A novidade positiva é que, no momento, não há previsão de grandes problemas climáticos para a atual temporada. Com clima favorável, a produção nacional deve crescer, o que tende a pressionar as margens dos produtores, que tiveram um respiro no ano passado. Em 2024, o preço médio pago ao produtor de leite subiu 38%, para R$ 2,8065 por litro, de acordo com o Cepea. Segundo a Scot Consultoria, o ano de 2024 foi de recuperação para o produtor de leite, com alta de preços em quase todos os meses, enquanto os custos de produção andaram de lado. As perspectivas para 2025 são de produção crescente, o que deve pressionar os preços pagos ao produtor, comprometendo parte das margens que os pecuaristas conseguiram no ano passado.

Segundo levantamento do Cepea, em outubro, o produtor brasileiro de leite precisou de 24,51 litros de leite cru para comprar 1 saca de 60 Kg de milho. O valor subiu 12,21% em relação a setembro, mas ficou bem abaixo dos 30,8 litros necessários em janeiro. Se considerar a diferença entre preço pago ao produtor e o índice de custo, na comparação com o ano anterior, a margem do produtor teve uma melhora de 13% em 2024. Na avaliação do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS (Sindilat-RS), os preços já atingiram patamares máximos, dada a dificuldade de repasse para o consumidor final. O produtor brasileiro está recebendo quase o mesmo que o europeu, então não tem muito mais o que aumentar esse preço ao produtor, mas sim ganhar em eficiência. Sem catástrofes climáticas nem mudanças drásticas na economia, 2025 será um ano tranquilo e equilibrado. Será um ano para o setor se capitalizar e crescer em demanda e em produtividade. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.