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06/Jan/2025

Boi: custos maiores para pecuária de corte em 2025

Postos à análise os grandes fundamentos da pecuária neste início de 2025, é possível estimar um ano de continuidade dos investimentos dentro da porteira e de crescimento em ritmo mais comedido da oferta de animais/carne e também da demanda. As projeções para a economia brasileira sinalizam que o poder de compra do consumidor estará mais apertado que em 2024 e, no front externo, a taxa de avanço do volume exportado também pode ser menor, mesmo com a potencial abertura de novos mercados. É possível que a influência do câmbio seja ainda maior sobre os custos de produção do setor, sobre o custo de vida dos brasileiros e também sobre a exportação, neste caso, servindo como estímulo. Para 2025, as expectativas do mercado financeiro são de crescimento do PIB nacional na casa de 2% – abaixo dos 3,4% estimados para 2024 –, inflação (IPCA) de 4,6% e taxa de juros de expressivos 14%. Não é uma boa combinação do ponto de vista do consumo interno.

Nestes primeiros meses do ano, os custos em geral tendem a refletir a disparada do dólar no final de 2024. Os juros reajustados para cima também pesam para o desaquecimento da economia. Com isso, a população tende a ter orçamento apertado e a optar por carnes mais baratas. No cenário internacional, a situação da China é a que mais interessa à pecuária brasileira – importa 51% da carne in natura exportada pelo Brasil. Por lá, o crescimento do PIB será ligeiramente menor. Para 2024, é previsto aumento de 4,8% e, para 2025, de 4,5%. Os chineses continuarão comprando muita carne do Brasil, principalmente porque os Estados Unidos ainda não terão recuperado seu potencial produtivo e Donald Trump mantém certo desafeto com Xi Jinping, o que pode resultar em disputa comercial entre esses países e imposição de tarifas. A pressão (dos chineses) por diminuição dos preços da carne também deve ser mantida.

Considerando diferentes cenários de crescimento da produção chinesa de carne bovina dão uma ideia de quanto pode ser adquirido por este parceiro tão relevante em 2025. Se a produção daquele país avançar 1,3%, suas importações de carne bovina podem aumentar 9%; se o crescimento deles for de 2,2%, aí a expansão das compras chinesas poderia se limitar a 2,5%, destoando bastante do salto por volta de 12% do volume em 2024 adquirido do Brasil. Depois da China, os Estados Unidos, Emirados Árabes e Chile são os compradores mais importantes da carne bovina brasileira – em 2024 responderam por 8%, 5% e 4%, respectivamente, do volume exportado. É possível que as compras norte-americanas ainda se mantenham elevadas, tendo em vista que a recuperação do rebanho interno ainda está em curso. Para o Oriente Médio, a perspectiva é que a taxa de crescimento aumente e, para o Chile, também pode haver expansão.

Enquanto isso, nas propriedades pecuárias, a produção deve seguir firme, mas possivelmente avançando menos que em 2024. A produção a pasto é sempre dependente do clima, mas tem se tecnificado para amenizar o impacto especialmente da estiagem sobre as pastagens. Além disso, os custos e os preços de venda também influenciam bastante no volume disponibilizado para abate. Nos últimos três anos, houve fortes aumentos. A recuperação recente dos preços pode motivar a retenção de fêmeas para cria, mas a parcela não emprenhada deve continuar reforçando a oferta para abate no primeiro semestre. Nos confinamentos, o rebanho em 2024 cresceu expressivos 11%, beirando 8 milhões de cabeças ao longo do ano. Essas estruturas produtivas têm crescido em todos os estados, mas com nítida vantagem para aquelas que têm mais de 10 mil animais. Os 100 maiores confinadores detêm 49% do rebanho confinado.

Essa relativa concentração denota profissionalismo deste segmento, que responde rápido aos preços, subam ou caiam. Em 2024, por exemplo, com os preços baixos no começo do ano, o volume de animais confinados de março a agosto esteve menor que em igual período de 2022 e de 2023. Com a disparada da arroba a partir de agosto, em setembro, o rebanho confinado já superava os dos anos anteriores. Essa agilidade do segmento confinador não aplica à pecuária como um todo. Da criação de uma novilha que se tornará reprodutora até o abate de suas crias transcorrem em torno de cinco anos – ou mais. Em 2025, o mercado vai mostrar se o setor está ou não em um novo ciclo, em que o ajuste da oferta à demanda posiciona os preços em nível relativamente alto. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.