06/Jan/2025
Os preços das carnes bovina, suína e de frango devem continuar subindo em 2025, embora em níveis diferentes, por suas particularidades. Após um reajuste de 14,8% no grupo carnes em 2024 - acima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) -, a tendência de alta será impulsionada pela mudança no ciclo pecuário - a carne bovina acaba puxando o preço das demais proteínas animais - e pela continuidade das exportações em níveis elevados. A virada no ciclo pecuário - retenção das matrizes após um ano de recorde nos abates de fêmeas e machos -, que já dava sinais nos últimos meses de 2024, deve se consolidar em 2025. Estamos em um ciclo de diminuição do abate de fêmeas, e isso será uma dinâmica persistente ao longo de 2025, puxando para cima o preço da arroba do boi.
O movimento de alta será mais forte no segundo semestre, quando a arroba pode superar os R$ 350. O aumento na cotação da carne bovina em 2025 virá tanto de fatores conjunturais (a mudança no ciclo pecuário) como macroeconômicos, caso, por exemplo, do câmbio e dos juros. Além disso, a exportação continuará aquecida, como destaca a indústria, que festeja os resultados de 2024: foram 3,2 milhões de toneladas embarcadas ao exterior, crescimento de 31% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). A demanda externa é sustentada pela China e também pelos Estados Unidos, que têm produzido menos, ao mesmo tempo em que a oferta global diminuiu.
O viés é de alta, porque os competidores não têm produto suficiente. A alta do dólar, que fechou o ano acima de R$ 6, torna a exportação ainda mais atraente para os frigoríficos. Paralelamente, espera-se queda no consumo interno, principalmente no segundo semestre, quando a carne bovina estará mais cara e o poder de compra costuma diminuir. O consumo doméstico de carne bovina deve recuar de 6% a 7% em 2025. Os consumidores migrarão para proteínas mais baratas, como frango e suíno. Essa substituição também tem um peso sobre os preços: a demanda maior por carne de frango, suína e ovos puxará para cima a cotação desses produtos. Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o consumo per capita de carne de frango deve crescer 2,2% em 2025, alcançando 46,6 quilos, enquanto o de carne suína deve permanecer estável em 19,0 quilos.
A elevação das exportações dessas proteínas contribuirá para manter o mercado ajustado, sem espaço para quedas nos preços. Os segmentos de frangos e suínos deverão ter melhores margens com esse esperado aumento do consumo. Essas proteínas conseguem ajustar preços de forma mais flexível, aproveitando os aumentos da carne bovina para conquistar mercado. Esse movimento deve continuar especialmente no início deste ano de 2025, com o consumidor favorecendo opções mais acessíveis. A renda e o mercado de trabalho devem permanecer em níveis elevados, sustentando o consumo no início de 2025. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.