19/Dec/2024
Os preços da carne abriram vantagem histórica em relação aos do boi gordo neste mês. Em toda a série de preços da carne com osso do Cepea, não havia ocorrido tamanho “descolamento” entre os valores da carne e da arroba ao pecuarista. No início desta semana, 15 quilos de carcaça casada de boi à vista no atacado de São Paulo valiam R$ 42,10 a mais que a arroba do boi gordo no estado de São Paulo. Ou seja, em média, na segunda-feira (16/12), os frigoríficos venderam a carne bovina por R$ 351,90 por arroba e pagaram, em média, pelo boi gordo R$ 309,80 por arroba. Cálculos sobre a transmissão de preços entre a carne bovina e o boi gordo confirmam a percepção do mercado de que há bicausalidade, ou seja, um produto influencia o outro. Em seus detalhes, no entanto, os modelos econométricos revelam que a carne tem força um pouco maior para influenciar o preço do boi gordo, do que este sobre a carne. Estimativas baseadas na série diária dos últimos seis anos (2019 a 2024) apontam que essa transmissão de preços se dá de 3 a 5 dias úteis, mais ou menos, ou uma semana em termos de dias corridos.
Na situação atual, a queda do preço do boi gordo foi abrupta, começando no início da semana passada. A carne, desde aquele momento, teve alguns recuos, mas baixou apenas 3,4% desde o pico no final de novembro. O preço médio do boi gordo em São Paulo caiu 11,8% desde a sua máxima, no dia 27 de novembro. Os resultados do modelo econométrico indicam, dessa forma, que os valores maiores da carne, puxados pela demanda nesse período, tendem a contribuir para preços mais firmes do boi gordo, no sentido de se restabelecerem valores relativos mais compatíveis com o histórico desses dois produtos. Por outro lado, o preço do boi gordo também tende a influenciar o da carne no atacado/varejo, já que é a matéria-prima do corte. Desse modo, no curto prazo, tanto a carne pode “puxar” o boi gordo quanto o boi gordo pode pressionar a carne. É necessário incluir na equação ainda outras forças, relacionadas à oferta e à demanda particular de cada produto, o que adiciona imprevisibilidade ao mercado. A carne, em dezembro, é bastante favorecida pela demanda dos brasileiros.
A demanda por boi gordo tem dado sinais de desaquecimento. Os negócios pecuários já vêm se desacelerando. Boa parte das escalas para as próximas semanas já está preenchida, afastando alguns frigoríficos da compra. Os pecuaristas, por sua vez, também se mostram mais recuados, seja porque já fecharam as vendas do ano, seja porque esperam preços maiores em janeiro. Essa expectativa de parte dos pecuaristas se baseia justamente numa retomada de preços mais equilibrados com a carne. Negócios pontuais têm sido efetivados, parte deles em valores levemente maiores. Esses ajustes positivos ocorrem especialmente nos valores mínimos do intervalo vigente, alta da ponta de baixo. Nos últimos sete dias, o preço médio o boi gordo em São Paulo passou dos R$ 316,10 por arroba no dia 10 de dezembro, para R$ 310,90 por arroba no dia 17 de dezembro, diminuição de 1,65%, com média de cinco dias em R$ 313,56 por arroba. No mês, a queda acumulada é de 11,7%. No mercado de reposição, diante da baixa liquidez, muitos operadores seguem sem referência de preços, situação vista nas diferentes regiões. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.