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19/Dec/2024

Leite: preço ao produtor encerrará 2024 em queda

O preço do leite captado em outubro fechou a R$ 2,8065 por litro na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), queda de 2,6% em relação ao mês anterior, mas alta de 36,2% frente ao de outubro/2023, em termos reais (valores deflacionados pelo IPCA de outubro). E, com a progressão da safra e com o consequente aumento sazonal da oferta no campo, a perspectiva é de que o ano se encerre com o movimento de desvalorização ganhando força. A “Média Brasil” pode cair cerca de 5% em novembro. Para o leite captado em dezembro, a projeção é de novo recuo, entre 4% e 5%. Por ora, a estimativa é de que a média de preços de 2024 fique próxima do patamar de R$ 2,60 por litro, ou seja, entre 1% e 1,5% acima da verificada em 2023, em termos reais. Apesar de a média anual de 2024 não se distanciar da de 2023, o comportamento dos preços ao longo destes anos foi bem distinto. Em 2024, o que mais marcou foi a sustentação do movimento de valorização do leite cru até o final do terceiro trimestre.

Esse prolongamento da tendência altista ocorreu devido ao crescimento lento da oferta à campo. Mesmo diante da certa estabilidade nos custos de produção e do aumento da margem do produtor em 2024, o estímulo à atividade foi menor do que o previsto no primeiro semestre, e o clima extremo foi um fator crucial que influenciou negativamente a atividade, sobretudo entre o segundo e o terceiro trimestres. Ao mesmo tempo, o consumo se manteve firme na maior parte do ano e, no final da entressafra, houve diminuição considerável dos estoques de lácteos, o que ajudou a prolongar o movimento altista. A inversão da tendência ocorreu apenas a partir de outubro, com as chuvas da primavera elevando a quantidade e a qualidade das pastagens e favorecendo o incremento da produção. A queda nos preços do leite no campo também se refletiu em diminuição nas cotações dos lácteos. Em novembro, houve forte desvalorização do UHT no atacado de São Paulo e os preços da muçarela e do leite em pó registraram baixas menos intensas.

Com estoques de derivados elevados, as importações de lácteos se estabilizaram em novembro, enquanto as exportações cresceram 5,8%. Apesar da alta pontual na captação do leite cru, é possível que, no balanço de 2024, o crescimento da oferta continue próximo de 2%. Isso porque os custos com nutrição animal seguem avançando e o poder de compra do pecuarista, caindo. Esse é, inclusive, o maior ponto de atenção para 2025. A escalada nos custos operacionais tende a ser gradual, sendo impactada em um primeiro momento pelos maiores gastos para produção de volumoso (diante da alta nos preços de fertilizantes) e contrabalanceada por uma possível redução nos valores do concentrado no primeiro semestre de 2025. Por outro lado, no segundo semestre, o escoamento da safra nacional pode limitar os estoques, afetando, consequentemente, a precificação de insumos para a formulação de rações. Nesse sentido, a projeção é de que a produção em 2025 possa manter o ritmo de crescimento entre 2% e 2,5%. Um crescimento acima disso exigiria uma recuperação muito forte da oferta no primeiro trimestre de 2025, mas isso vai depender majoritariamente do clima. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.