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04/Dec/2024

Leite: “vaca tokenizada” virou garantia para crédito

Valda é uma das 500 vacas holandesas da Fazenda Capão da Imbuia, em Carambeí, no Paraná, e a primeira do Brasil a ser ‘tokenizada’. Isso significa que ela foi registrada como um ativo digital único em uma plataforma segura que, nesse caso, armazena informações detalhadas sobre sua saúde e bem-estar. Com a tokenização, Valda e outras vacas da fazenda que passaram pelo mesmo processo depois dela, estão sendo usadas como garantia digital para a tomada de crédito por parte de seus proprietários. A transformação das vacas em ativos digitais foi feita pela startup brasileira Simple Token, num projeto-piloto, em parceria com a agtech Cowmed, que produz coleiras inteligentes que monitoram a saúde e o bem-estar das vacas em tempo real.

As vacas tokenizadas, que produzem 18 mil litros de leite por dia, em média, facilitaram o acesso ao crédito. A meta da startup é viabilizar R$ 200 milhões em créditos para produtores rurais até o fim de 2026 com vacas tokenizados como garantia. O montante de empréstimo que as vacas tokenizadas da Fazenda Capão da Imbuia estão garantindo não é revelado. Com o sistema, a startup Cowmed busca viabilizar o crédito a pequenos e médios produtores, com garantias aos bancos que emprestam. Os dados da Valda foram registrados na blockchain, se está ruminando, caminhando, dormindo. Foi enviado um link para o banco saber que a vaca está saudável e bem cuidada.

Essa tecnologia ligada a animais não existe no mercado nacional e facilita o processo. Se um produtor vai ao banco oferecer uma vaca como garantia, é muito difícil comprovar que ela está em boas condições. Conhecida por seu uso em criptomoedas como o bitcoin, o blockchain é uma tecnologia de registro de dados. Nesse sistema, as informações sobre a vaca (ruminação, alimentação e descanso, por exemplo) estão unidas por meio de “correntes de blocos” (as “blockchains”), que permitem rastrear toda a vida da vaca. O uso de blockchain garante a segurança e rastreabilidade dessas operações. Facilitar o acesso ao crédito ao produtor é a prioridade da Simple Token.

Quanto maior o risco, maiores os juros. Reduzindo o risco para quem empresta, é possível reduzir os juros pagos pelo produtor. A empresa é remunerada a partir das transações realizadas entre produtores e bancos. Para os produtores, os ganhos vêm com a redução de taxas de juros e a possibilidade de investir. Reformas em estrutura, genética, alimentação animal, conforto, tudo isso traz retorno financeiro imediato aos produtores. O crédito é sempre bem-vindo se é rápido, seguro e com taxas atrativas. O projeto da agtech foi colocado em prática em julho de 2024, um mês após a PL 3019/2023 ser aprovada na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados em junho.

A regulamentação permitiu o uso de animais como garantia em operações financeiras e, com isso, abriu o caminho para a solução. A Capão da Imbuia foi a fazenda-piloto do negócio. A Simple Token tem conversas avançadas com outros produtores do Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, além de instituições financeiras que se interessaram pela tecnologia. Ainda é um protótipo, mas acesso será facilitado no futuro, porque os credores entenderam bem como funciona o rastreamento dos animais dados em garantia. Isso facilita os contratos e a liberação rápida de crédito. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.