02/Dec/2024
A carta de retratação enviada pelo CEO global do Carrefour, Alexandre Bompard, ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que selou o fim da crise entre a indústria de carnes nacional e o grupo varejista teve uma primeira versão rejeitada pelo governo brasileiro. A carta foi enviada por Bompard a Fávaro na terça-feira (26/11). O governo brasileiro e o setor privado exigiram que constasse da retratação do CEO a menção de que as carnes brasileiras atendem aos mais elevados padrões de controle sanitário e de qualidade. Isso, na avaliação deles, mitigaria os prejuízos causados pelas declarações de Bompard à carne nacional. O documento final foi fechado por volta de meia-noite de segunda-feira (26/11) para terça-feira (26/11).
A primeira versão foi apresentada pelo embaixador francês, Emmanuel Lenain, ao secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, às 18h30 de terça-feira (26/11). Entretanto, não continha a menção de que a carne brasileira atende às normas sanitárias e aos padrões exigidos pela França. O governo pediu o ajuste que horas depois foi incluído pelo grupo empresarial. No fim da noite de segunda-feira (25/11), o governo e a embaixada avançavam para um entendimento, entretanto a carta não foi entregue em mãos ao ministro Carlos Fávaro como desejava o grupo empresarial porque o governo avaliou como desnecessário após a correção do texto.
Na versão final, Bompard pediu desculpas pela confusão gerada com o setor agropecuário nacional e reconheceu a alta qualidade da carne brasileira, o respeito às normas e o sabor; este último item que foi considerado como um ganho adicional por interlocutores que acompanharam as tratativas. Ele havia comunicado em suas redes que a varejista se comprometeria a não comercializar carnes provenientes do Mercosul na França, independentemente dos "preços e quantidades de carne que esses países possam oferecer", sugerindo ainda que os produtos não atendiam às qualificações do mercado francês, o que deflagrou a crise entre o grupo varejista e o agronegócio brasileiro.
A carta foi costurada pela Embaixada da França junto ao grupo francês para estancar a crise, após a indústria brasileira de carnes ter interrompido o fornecimento ao Carrefour em represália às declarações do CEO global. O pedido de retratação foi uma condicionante da indústria de carnes para retomar o abastecimento às unidades do Grupo Carrefour no Brasil (Carrefour, Sam's Club e Atacadão). O governo também havia sinalizado que esperava uma retratação quanto à sanidade e o rigor às normas das carnes exportadas pelo País. Nos bastidores, as autoridades classificavam como "justa" a exigência da indústria de condicionar o fim do boicote ao pedido de desculpas público de Bompard, reafirmando a qualidade e a sanidade e a sustentabilidade da produção brasileira. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.