ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

29/Nov/2024

Leite: concentração espacial na produção no País

As últimas estatísticas divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a pecuária de leite no Brasil apresentam um quadro curioso. A grande maioria dos municípios do País possui alguma produção de leite. Este é um dado interessante, considerando que, em diversos outros setores do agro brasileiro como soja, café, laranja e cana-de-açúcar, para citar alguns, a concentração é clara, não são tantos municípios que exibem alguma produção nestes setores. Ainda que a produção de leite seja dispersa no território nacional, os dados de produção de leite no Brasil em 2023 mostram que há um processo de concentração desta produção. Pode-se calcular a concentração da produção leiteira de cada município do País como a razão entre a produção média de leite (litros/dia) e a área deles (quilômetros quadrados do município).

Organizando os municípios brasileiros em ordem decrescente de densidade da produção, identifica-se uma fração diminuta do território nacional, com densidade igual ou superior a 78 litros/dia/Km², que já responde por metade do leite produzido em todo o País. Esta área de maior concentração da produção brasileira abrange importantes bacias leiteiras das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste, além de áreas relevantes do estado de Goiás. Esta área equivale a apenas 291 mil Km², ou seja, 3% da área territorial do País. É curioso observar que a concentração espacial da produção brasileira aumenta a cada ano. Entre 2013 e 2023, a contribuição da área de maior concentração da produção no total do leite produzido no País passou de 41% para 50%. Um expressivo aumento de quase 1% ao ano. A produção de leite no Brasil só aumentou nesta área. Entre 2013 e 2023, a produção da área de menor concentração, ou 97% do território nacional, diminuiu de 55,2 para 48,0 milhões de litros/dia.

Por outro lado, a área de maior concentração exibiu aumento de 38,6 para 48,9 milhões de litros/dia em apenas 10 anos, em contraste com a produção total brasileira, que pouco se alterou nestes 10 anos. Neste período, o número de vacas ordenhadas no País diminuiu de 23,0 para 15,7 milhões de cabeças. Na área de maior concentração da produção este número também caiu de 5,6 para 4,6 milhões, uma queda notável considerando o aumento de 27% na produção desta região em 10 anos. Nestas regiões mais dinâmicas observa-se incremento de produção e redução do número de vacas, um reflexo da crescente especialização na pecuária de leite. A concentração espacial da produção também coincide com a concentração do processo de inovação tecnológica na produção leiteira. A produtividade da região de maior concentração da produção evoluiu mais rapidamente que a outra área e alcança valor significativamente superior à média nacional: 3.849 litros/vaca/dia em 2023 contra 2.264 litros/vaca/dia no Brasil neste mesmo ano.

É a região do Brasil cuja produtividade já se aproxima à observada na Nova Zelândia, importante produtor e exportador de lácteos no contexto global. É visível o processo de concentração espacial na produção e nos processos de inovação tecnológica da pecuária leiteira. Este é um movimento importante e necessário para permitir a redução de custos de transporte e melhorar a oferta de bens e serviços necessários à maior competitividade da cadeia brasileira de lácteos frente ao mundo. A pequena fração de 3% do território nacional, que já produz metade do leite brasileiro, mostra que há polos dinâmicos na produção leiteira que devem ser mais bem conhecidos, estimulados e cujas experiências e trajetórias podem ajudar ao agronegócio do leite a trilhar no caminho do desenvolvimento sustentável e da competitividade. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.