28/Nov/2024
A carne do Mercosul, principalmente do Brasil, foi duramente criticada por deputados franceses nesta terça-feira (26/11), que chegaram a comparar o produto a "lixo". A qualidade, os sistemas de produção e a rastreabilidade também foram questionados. Os parlamentares estavam reunidos em sessão na Assembleia Nacional da França, para votação simbólica do acordo entre União Europeia e Mercosul. O acordo foi rejeitado pela maioria da Casa. "A realidade é que nossos agricultores não querem morrer e nossos pratos não são latas de lixo", disse o deputado Vincent Trébuchet (UDR). Trébuchet ressaltou que, agora, todos os franceses estão pagando um preço e verão "despejar em seus pratos carnes cheias de hormônios de crescimento, produzidas em países onde a rastreabilidade continua sendo um conceito vago", em referência à proteína do Mercosul. Ainda segundo ele, a Comissão Europeia publicou uma auditoria em que revelaria que o Brasil seria "incapaz de garantir as normas sanitárias".
O mesmo informe, de acordo com o deputado, aponta que apenas o Uruguai tem como garantir a rastreabilidade da exportação de origem da carne. A deputada Helene Laporte, do grupo de extrema direita Rassemblement National, também criticou diretamente a carne bovina do Brasil. Segundo ela, a competitividade dos exportadores brasileiros se dá em função do "uso massivo de antibiótico, algo que a União Europeia proíbe desde 2006". "A forma de produção do Brasil é o modelo? Não", enfatizou. O deputado Antoine Vermorel, do Droite Républicaine, acusou o Mercosul de "usar produtos cancerígenos" em suas carnes exportadas para a Europa. O parlamentar compartilhou um vídeo de um trecho do seu discurso no "X", no qual afirma que “essa raiva é o que tenho nas veias, a de um filho de agricultores que não suporta mais ver a agricultura francesa minada (...) Não ao Mercosul”. A contrariedade ao acordo UE-Mercosul se tornou um ponto comum nas avaliações tanto dos partidos da esquerda quanto da direita na assembleia francesa.
Os parlamentares têm sido questionados pelo setor agrícola da França, e estão em posição de desvantagem contra os concorrentes do Mercosul. "Os agricultores nos dizem: vocês querem produção de forma mais virtuosa e ao mesmo tempo nos colocam em concorrência com uma produção feita com produtos aos quais não temos acesso". As críticas dos deputados franceses ao Mercosul vêm em um momento de recentes conflitos envolvendo empresas da França, como Danone, Tereos e Carrefour. Em diferentes situações, os sistemas sanitários dos fornecedores ou o acordo entre os dois blocos foram questionados. Em resposta, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) anunciou que já está com tratativas em andamento para formalizar uma reclamação na União Europeia contra o Carrefour e empresas francesas, pelas acusações envolvendo a qualidade dos produtos brasileiros. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.