27/Nov/2024
O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, classificou a decisão do Carrefour na França, de suspender a compra de carnes do Mercosul, como "um tiro no pé" da rede, tanto economicamente quanto comercialmente. Segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), de tudo o que a União Europeia importa de carne bovina, 25% são do Brasil, portanto, eles precisam da carne brasileira. Por outro lado, o que o Brasil exporta para a União Europeia é menos de 3%. Portanto, o Brasil precisa muito menos da União Europeia do que eles precisam da carne brasileira. Para Rodrigues, a decisão da rede francesa é "hipócrita". É de conhecimento de todos que a carne brasileira é sustentável e de qualidade. O Brasil exporta para 200 países uma carne que tem padrões de rigor e qualidade.
O argumento de que o País não produz como os europeus não é válido. A manifestação do ex-ministro refere-se ao comunicado recente do CEO mundial do Carrefour, Alexandre Bompard, de que a varejista se compromete a não comercializar carnes provenientes do Mercosul, independentemente dos "preços e quantidades de carne" que esses países possam oferecer, afirmando que esses produtos não respeitam requisitos e normas do mercado francês. O Carrefour França afirmou que a medida é restrita apenas às unidades francesas, enquanto o Carrefour Brasil afirmou que não há mudanças na operação local. Em represália à medida, frigoríficos brasileiros suspenderam o fornecimento de carnes ao Grupo Carrefour no Brasil e condicionam a retomada do fornecimento de produtos ao Carrefour Brasil a uma retratação pública de Bompard.
Por outro lado, o ex-ministro disse entender os países europeus que estão defendendo seus produtores. Mas, é uma decisão comercialmente tola e politicamente hipócrita. O ex-ministro avaliou como "lúcida e lógica" a reação da indústria e do governo brasileiro em relação ao boicote do Carrefour. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, tem uma posição bastante forte e está certo em reagir assim. O governo brasileiro fez muito bem defendendo seu agronegócio. Ressalta-se que o assunto não gera estremecimento nas relações bilaterais entre os países. Rodrigues defendeu também que a represália da indústria de carnes brasileira, ao interromper o fornecimento ao Grupo Carrefour no Brasil, seja adotada também por demais elos da indústria de alimentos. Assim como os frigoríficos estão fazendo, todos deveriam deixar de vender para o Carrefour. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.