26/Nov/2024
O secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luis Rua, avalia que a crise entre a indústria de carnes e o Carrefour é uma questão que reflete mais na imagem do agronegócio brasileiro do que em impactos comerciais. De carne bovina, o que o Brasil exporta para a França no ano é equivalente às entregas de frigorífico em qualquer supermercado de Brasília em três dias, de dois a três contêineres, enquanto de frango é zero. Não há preocupação com a questão comercial dessa atitude desproporcional do presidente do Carrefour de não comprar carne do Mercosul, mas com a imagem e identidade do Brasil. A medida do Carrefour se soma a declarações recentes de executivos da também francesa Danone sobre o fornecimento de soja brasileira e do CEO do grupo sucroalcooleiro francês Tereos, Olivier Leducq, sobre "concorrência desleal" entre União Europeia e Mercosul.
O Brasil deve responder com altivez porque não está discutindo uma questão de comércio, mas de imagem e identidade. O País foi atacado de forma desproporcional nos últimos tempos, enquanto tem reduzido o desmatamento e tem melhores controles sanitários do mundo. Há 40 anos a União Europeia realiza inspeção em frigoríficos brasileiros e não encontrou irregularidades. O secretário afirmou compreender o protecionismo francês, considerando que o Brasil é mais competitivo que a França, citando que o frango produzido lá emite o dobro de carbono do frango nacional. Isso faz parte de retórica, mas não às custas de manchar a sanidade e imagem do País. A crise entre o Carrefour e a indústria de carnes brasileira escalou nos últimos dias, com frigoríficos suspendendo o fornecimento de produtos ao Grupo Carrefour (Carrefour, Atacadão e Sam's Club) no Brasil.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) classificou como "infundadas" as medidas de companhias francesas contra o Mercosul, em relação ao veto recente do Carrefour França de comprar carne do Mercosul. A França compra 90% de carnes do Reino Unido. O Mercosul vai prover 1% do consumo francês de carnes. Para o Carrefour, com essa medida, não há grandes dramas em prover o consumo de carnes, porque a maior parte provém do Reino Unido. Mesmo que firmado o acordo entre Mercosul e União Europeia, a oferta do bloco à França tende a não ultrapassar o volume atual. É uma medida completamente equivocada porque o Mercosul não representa volume significativo no abastecimento francês de carnes. A indústria brasileira de carnes condicionou a retomada do fornecimento de produtos ao Carrefour Brasil a uma retratação pública do CEO do Carrefour. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.