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21/Nov/2024

Leite: volatilidade dos preços e impactos no setor

Dentro de um mesmo ano, os preços do leite ao produtor oscilam muito mais do que os de outras commodities como a soja, o milho e o boi gordo. Certamente, esta maior volatilidade traz consequências nefastas para produtores e indústrias lácteas. Por exemplo, a diferença anual entre os preços máximos e mínimos do boi gordo na média entre os anos de 2007 e 2024 foi de 23%, tendo atingido um pico de 28% na média do período de 2020 a 2024. A volatilidade de preços de todas as commodities analisadas cresce bastante no período de 2020 a 2024, com a ocorrência da pandemia.

De fato, neste período, houve aumentos expressivos dos preços, seguidos de reduções dos mesmos pela reação negativa da demanda às elevações exageradas dos valores praticados. O período mais recente (média 2023 e 2024) mostra que estas oscilações de preços tomam a direção de retorno aos patamares históricos, embora estejam ainda bem elevadas. Chama a atenção a alta volatilidade dos preços do milho, um dos principais itens de custo da produção de leite. No caso do milho, o contrato futuro da commodity disponibilizado na B3 é uma ferramenta importante (e que deveria ser mais conhecida e usada pelo produtor de leite) para proteção contra estas oscilações que em alguns momentos podem ser favoráveis ao produtor, mas em outros não.

Chama mais ainda a atenção a elevada volatilidade de preços do leite ao produtor. No período entre 2020 e 2024, a diferença média anual entre o maior e o menor preço praticado no mesmo ano foi de 47%, equivalente a ter preços de R$ 2,90 por litro e R$ 1,97 por litro no mesmo ano. A grande oscilação de preços é prejudicial tanto a produtores, pela enorme dificuldade de previsão de receitas, gestão de custos e dos principais indicadores de performance de seu negócio, quanto para a indústria, que não tem a mínima previsibilidade da variação futura de seu principal item de custo, sem poder planejar tabelas de preços, repasses de custos e, como consequências, suas margens.

O pior, em comparação às outras commodities analisadas, é que o leite é a única a não contar com contratos futuros em bolsa, que permitiriam produtores e indústrias terem a mínima condição de proteger as suas margens. A boa notícia é que a Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), junto com a Viva Lácteos e um grupo de indústrias, produtores e especialistas no mercado está trabalhando para, junto com a B3, criar um contrato futuro para a cadeia láctea, que permita, assim como nas demais commodities, que produtores e indústrias atuem nos futuros, travando seus preços e protegendo suas margens. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.